30% dos profissionais de cuidados intensivos e paliativos estão em exaustão
Três em cada 10 profissionais de saúde que trabalham em unidades de cuidados intensivos e paliativos encontram-se em exaustão emocional ou profissional, segundo um estudo português que avaliou 355 médicos e enfermeiros de 19 unidades.
Segundo o estudo, que vai ser apresentado na próxima semana nas Jornadas de Investigação em Cuidados Paliativos, a esmagadora maioria dos profissionais que se encontravam em `burnout` -- exaustão -- exerciam funções em unidades de cuidados intensivos.
Foram analisados profissionais de nove unidades de cuidados paliativos e de 10 unidades de cuidados intensivos e conclui-se que cerca de 30% estavam em exaustão. Do total dos que estavam em `burnout`, 86% exerciam funções em cuidados intensivos.
De acordo com um resumo do estudo, a que a agência Lusa teve acesso, acresce ainda que os níveis de `burnout` em cuidados intensivos eram quase três vezes superiores aos que foram encontrados em cuidados paliativos.
Os autores consideram que este indicador mostra a necessidade de incorporar a filosofia, princípios e metodologias de trabalho dos cuidados paliativos noutros contextos, como o caso dos cuidados intensivos.
É ainda considerado importante que os profissionais com funções nestes cenários de elevada complexidade tenham formação avançada nos domínios nos quais trabalham.
Aliás, segundo o estudo, os profissionais com formação pós-graduada em cuidados intensivos/paliativos exibiam menores níveis de `burnout`.
Pelo outro lado, a existência de conflitos no local de trabalho mostrou-se a variável mais significativamente associada à presença de `burnout`.
Os autores e investigadores lembram que as consequências desta exaustão dos profissionais afetam não só os trabalhadores, mas também têm impacto direto nos doentes e famílias, havendo um aumento do risco de erros por parte dos profissionais de saúde.
É ainda salientado que o agravamento da crise económica e financeira faz agravar o confronto dos profissionais de saúde com situações de elevado stress, desgaste físico, pressão temporal, sobrecarga de trabalho ou perceções de injustiça.
O estudo foi liderado pela enfermeira Sandra Martins Pereira, investigadora integrada do gabinete de investigação e bioética da Universidade Católica Portuguesa, em conjunto com mais três investigadores.