País
40 anos tomada de posse. Cavaco Silva alerta que erros de um Governo "não podem ser escondidos"
Luís Montenegro falou sobre Aníbal Cavaco Silva, mencionando-o como uma referência e uma inspiração, numa cerimónia que assinalou os 40 anos da tomada de posse de Cavaco Silva como primeiro-ministro, o ex-governante alertou que "é impossível" governar "sem falhas e erros". O também ex-presidente da República defendeu que apesar de falhar ser humano, os erros cometidos "não podem ser escondidos".
"Uma coisa é a teoria, outra é a prática política”, afirmou . Por mais que um governo trabalhe intensamente e se esforce, é impossível evitar falhas e erros. Como costumo dizer `nobody is perfect` [ninguém é perfeito]. Em política, os erros cometidos por um Governo, mesmo que tal seja humano, não podem ser escondidos e, às vezes, os erros são mesmo inventados para serem notícia com estrondo", afirmou.
O antigo primeiro-ministro e presidente da República Aníbal Cavaco Silva discursava na homenagem, na residência oficial de São Bento, que assinala os 40 anos da sua primeira tomada de posse como chefe do Governo, a 6 de novembro de 1985.
A tarefa de um primeiro-ministro, segundo Cavaco Silva, é muito dura e exigente. Mas por mais que um Governo se esforce é impossível evitar falhas.
"Pensando nesta cerimónia, resolvi interrogar-me sobre quais foram - do ponto de vista pessoal e político - o pior e o melhor momento do exercício das funções de primeiro-ministro".
Começando pelo pior, Cavaco Silva destacou os "últimos dias de 1989 e nos primeiros dias de 1990, num tempo de feriados e festas".
"Tive, então, de preparar e concretizar a substituição de cinco ministros, incluindo o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, que tinha acabado de pedir a demissão", recordou, frisando que foi "muito pesada e profunda a solidão que normalmente assalta um primeiro-ministro quando tem de remodelar um governo".
O anúncio desta remodelação, a 2 de janeiro de 1990, surpreendeu o país. Ainda assim, esta crise política "não impediu a repetição da maioria absoluta do Partido Social-Democrata nas Eleições Legislativas de 1991".
Já o melhor, que deu "satisfação pessoal e política" a Cavaco Silva, aconteceu "na noite de 10 de outubro de 1988", no Palácio de São Bento. O antigo primeiro-ministro recordou uma reunião em que foi acordado com o secretário-geral do Partido Socialista "os termos da revisão constitucional de 1989".
O antigo primeiro-ministro e presidente da República Aníbal Cavaco Silva discursava na homenagem, na residência oficial de São Bento, que assinala os 40 anos da sua primeira tomada de posse como chefe do Governo, a 6 de novembro de 1985.
A tarefa de um primeiro-ministro, segundo Cavaco Silva, é muito dura e exigente. Mas por mais que um Governo se esforce é impossível evitar falhas.
"Pensando nesta cerimónia, resolvi interrogar-me sobre quais foram - do ponto de vista pessoal e político - o pior e o melhor momento do exercício das funções de primeiro-ministro".
Começando pelo pior, Cavaco Silva destacou os "últimos dias de 1989 e nos primeiros dias de 1990, num tempo de feriados e festas".
"Tive, então, de preparar e concretizar a substituição de cinco ministros, incluindo o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, que tinha acabado de pedir a demissão", recordou, frisando que foi "muito pesada e profunda a solidão que normalmente assalta um primeiro-ministro quando tem de remodelar um governo".
O anúncio desta remodelação, a 2 de janeiro de 1990, surpreendeu o país. Ainda assim, esta crise política "não impediu a repetição da maioria absoluta do Partido Social-Democrata nas Eleições Legislativas de 1991".
Já o melhor, que deu "satisfação pessoal e política" a Cavaco Silva, aconteceu "na noite de 10 de outubro de 1988", no Palácio de São Bento. O antigo primeiro-ministro recordou uma reunião em que foi acordado com o secretário-geral do Partido Socialista "os termos da revisão constitucional de 1989".
"Foi essa revisão constitucional que eliminou o princípio da irreversibilidade das nacionalizações realizadas no pós-25 de Abril", lembrou. "Foi essa revisão que criou a Alta Autoridade para a Comunicação Social, com competência em matéria de abertura da televisão à iniciativa privada. Foi essa revisão que diminuiu o número de deputados e eliminou a plena gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde; consagrou o referendo popular; e criou as Leis Orgânicas".
“Há um Portugal antes e um Portugal depois de Cavaco Silva”
O primeiro-ministro foi o primeiro a intervir nesta cerimónia, manifestando “imensa gratidão” a Aníbal Cavaco Silva, que considerou responsável pelo “ciclo mais proveitoso” da democracia portuguesa”, dizendo que há um Portugal “antes e depois” da governação do antigo chefe do Governo.
“É justo reconhecer que há um Portugal antes e um Portugal depois de Aníbal Cavaco Silva”, disse Luís Montenegro.
Montenegro defendeu que o período de governação de Cavaco Silva deixou “marcas muito impressivas” no país e marcou muitas gerações, incluindo a sua, dizendo que pôde usufruir de “um conjunto de oportunidades” graças às várias e transformações no país na década entre 1985 e 1995.
“O Presidente Cavaco Silva é, efetivamente, uma personalidade central da história de Portugal, da nossa democracia e da nossa política contemporânea", defendeu.
O primeiro-ministro foi o primeiro a intervir nesta cerimónia, manifestando “imensa gratidão” a Aníbal Cavaco Silva, que considerou responsável pelo “ciclo mais proveitoso” da democracia portuguesa”, dizendo que há um Portugal “antes e depois” da governação do antigo chefe do Governo.
“É justo reconhecer que há um Portugal antes e um Portugal depois de Aníbal Cavaco Silva”, disse Luís Montenegro.
Montenegro defendeu que o período de governação de Cavaco Silva deixou “marcas muito impressivas” no país e marcou muitas gerações, incluindo a sua, dizendo que pôde usufruir de “um conjunto de oportunidades” graças às várias e transformações no país na década entre 1985 e 1995.
“O Presidente Cavaco Silva é, efetivamente, uma personalidade central da história de Portugal, da nossa democracia e da nossa política contemporânea", defendeu.
O primeiro-ministro considerou que os governos entre 1985 e 1995 “ficaram marcados por decisões corajosas, por muita determinação, por um conjunto muito extenso e coordenado de reformas que transformaram as políticas públicas, a sociedade portuguesa”.
“Construíram, de facto, as bases de um Portugal moderno, de um Portugal virado para o futuro, de um Portugal que finalmente almejou estar ao nível dos países mais desenvolvidos da Europa”, disse.
Montenegro destacou o “programa inigualável de transformações de infraestruturas”, mudanças nos sistemas de ensino e de saúde, mas também no mercado de trabalho ou no sistema fiscal, bem como na afirmação e reconhecimento do país à escala internacional.
“O primeiro-ministro Cavaco Silva foi um protagonista internacional ao mais alto nível (…) Foi um europeísta convicto, liderou efetivamente de forma decisiva a integração plena de Portugal na construção europeia e elevou o patamar de relação de Portugal com os países lusófonos, criando as bases para a criação da CPLP”, afirmou.
“Construíram, de facto, as bases de um Portugal moderno, de um Portugal virado para o futuro, de um Portugal que finalmente almejou estar ao nível dos países mais desenvolvidos da Europa”, disse.
Montenegro destacou o “programa inigualável de transformações de infraestruturas”, mudanças nos sistemas de ensino e de saúde, mas também no mercado de trabalho ou no sistema fiscal, bem como na afirmação e reconhecimento do país à escala internacional.
“O primeiro-ministro Cavaco Silva foi um protagonista internacional ao mais alto nível (…) Foi um europeísta convicto, liderou efetivamente de forma decisiva a integração plena de Portugal na construção europeia e elevou o patamar de relação de Portugal com os países lusófonos, criando as bases para a criação da CPLP”, afirmou.
O primeiro-ministro assumiu ainda que Cavaco Silva é a sua referência e inspiração para a ação governativa, dizendo que, tal como o antigo chefe do Governo, sente a responsabilidade de ser “um farol para o país”.
Depois de há alguns dias ter dito que, do ponto de vista ideológico e de pensamento político o atual Governo PSD/CDS-PP é “sá-carneirista”, hoje apontou outra inspiração para a sua forma de governar.
“Quero aqui dizer, sem nenhum problema, pelo contrário, com muito gosto, que do ponto de vista da inspiração governativa, da forma de estar, lidar e executar a tarefa de coordenação do Governo, a nossa e a minha referência e inspiração é precisamente Aníbal Cavaco Silva”, afirmou.
E acrescentou: “Como ele, hoje sentimos a responsabilidade de sermos um farol para dar ao país uma orientação para o rumo que queremos seguir, como fez Cavaco Silva há 40 anos atrás, com o intuito de não deixar nenhum português para trás, com o intuito de dar a todos as mesmas oportunidades”, disse, apontando várias semelhanças entre os seus governos e os executivos cavaquistas.
Montenegro agradeceu a Cavaco Silva essa inspiração que exige ao Governo estar “à altura da mesma responsabilidade num contexto diferente”, encontrando mais semelhanças do que diferenças, como a necessidade de dotar o país de “infraestruturas estratégicas”, de retirar carga burocrática do Estado, mas também no apoio ao Estado social.
Depois de há alguns dias ter dito que, do ponto de vista ideológico e de pensamento político o atual Governo PSD/CDS-PP é “sá-carneirista”, hoje apontou outra inspiração para a sua forma de governar.
“Quero aqui dizer, sem nenhum problema, pelo contrário, com muito gosto, que do ponto de vista da inspiração governativa, da forma de estar, lidar e executar a tarefa de coordenação do Governo, a nossa e a minha referência e inspiração é precisamente Aníbal Cavaco Silva”, afirmou.
E acrescentou: “Como ele, hoje sentimos a responsabilidade de sermos um farol para dar ao país uma orientação para o rumo que queremos seguir, como fez Cavaco Silva há 40 anos atrás, com o intuito de não deixar nenhum português para trás, com o intuito de dar a todos as mesmas oportunidades”, disse, apontando várias semelhanças entre os seus governos e os executivos cavaquistas.
Montenegro agradeceu a Cavaco Silva essa inspiração que exige ao Governo estar “à altura da mesma responsabilidade num contexto diferente”, encontrando mais semelhanças do que diferenças, como a necessidade de dotar o país de “infraestruturas estratégicas”, de retirar carga burocrática do Estado, mas também no apoio ao Estado social.
Nesta sessão, que decorreu na Sala da Lareira, participaram os ministros do atual Governo e vários antigos governantes de Cavaco Silva, como o atual candidato presidencial Luís Marques Mendes, a conselheira de Estado Leonor Beleza ou a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite. Eduardo Catroga, João de Deus Pinheiro, Teresa Patrício Gouveia, Faria de Oliveira e Mira Amaral foram outros dos convidados da cerimónia.
Atrás do púlpito, esteve uma fotografia da tomada de posse de Cavaco Silva, conferida pelo então Presidente da República Ramalho Eanes e onde é também possível ver o seu antecessor na chefia do Governo, o socialista Mário Soares.
Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro durante 10 anos, entre 1985 e 1995, tendo conquistado duas maiorias absolutas em eleições legislativas. Entre 2006 e 2016 exerceu funções como Presidente da República.
C/Lusa
Atrás do púlpito, esteve uma fotografia da tomada de posse de Cavaco Silva, conferida pelo então Presidente da República Ramalho Eanes e onde é também possível ver o seu antecessor na chefia do Governo, o socialista Mário Soares.
Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro durante 10 anos, entre 1985 e 1995, tendo conquistado duas maiorias absolutas em eleições legislativas. Entre 2006 e 2016 exerceu funções como Presidente da República.
C/Lusa