425 milhões de adultos são diabéticos, diz Federação Internacional de Diabetes

por RTP
Entre dez a 12 portugueses morrem a cada dia, em média, por diabetes, uma doença que afeta mais de um milhão de pessoas no país Stoyan Nenov - Reuters

A Federação Internacional de Diabetes (FID) revelou que 425 milhões de adultos têm a doença e que, em 28 anos, o número poderá chegar a 629 milhões, ou seja, uma pessoa em cada dez. Para assinalar o Dia Mundial da Diabetes há iniciativas por todo o país, lembrando que em Portugal esta doença atinge cerca de um milhão de portugueses entre os 20 e 29 anos, segundo o Relatório da Direção-Geral da Saúde.

Os especialistas apontam como principal causa da diabetes a epidemia global de obesidade. Um grupo de 32 cientistas explicou em 2011 que, “embora a maioria das pessoas obesas não desenvolva diabetes tipo 2, o excesso de peso é um fator de risco bem estabelecido", recordou o jornal francês Le Monde.

O relatório da Direção-Geral da Saúde - apresentado esta terça-feira, dia em que se assinala o Dia Mundial da Diabetes - revela que 55 por cento das pessoas com diabetes são obesas.

Entre dez a 12 portugueses morrem a cada dia, em média, por diabetes, uma doença que afeta mais de um milhão de pessoas em Portugal.

O alargamento do acesso a bombas de insulina vai ser feito por três fases. Até final deste ano todas as crianças até aos dez anos terão cobertura assegurada, até fim de 2018 para todas as crianças até 14 anos e até final de 2019 será alargada a cobertura às bombas de insulina a toda a população pediátrica até aos 18 anos.

Esta terça-feira foi também anunciado o lançamento de uma aplicação de telemóvel para auxiliar crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. A ideia é facilitar a contagem de hidratos de carbono ao longo do dia.

A venda de medicamentos antidiabéticos tem um valor de 38 mil milhões de euros, relataram as empresas farmacêuticas em 2016. Em 2022 estima-se que a venda ultrapasse os 50 mil milhões de euros, revelou a FID.
Açúcar no sangue
Esta doença crónica é caracterizada por um elevado nível de açúcar no sangue. Pode ser de tipo 1, se o pâncreas não produzir insulina ou tipo 2, se o corpo tiver uma resposta fraca ao sinal enviado pelo pâncreas. Enquanto o tipo 1 não é reversível, o tipo 2 poderá ser, pois provém de um estilo de vida e alimentação inadequados.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no Relatório Sobre Doenças Cardiovasculares e Diabetes, apesar de as doenças cardiovasculares estarem a diminuir, a ameaça dos níveis elevados de obesidade e diabetes e a falta de adesão aos tratamentos adequados faz prever que em 2030 quase um em cada dois adultos seja obeso nos Estados Unidos, 40 por cento no México, 35 por cento no Reino Unido e 20 por cento em França.

Isto comprova, como revelou a OCDE, que os desenvolvimentos não são uniformes entre países, pois enquanto alguns reduzem a mortalidade relativa a estas doenças em mais de 50 por cento, outros reduzem em menos de 30 por cento.
Consumo de edulcorantes
Segundo um estudo publicado em 2013 por investigadores da Universidade de Stanford, o consumo de xarope de milho, um edulcorante de baixo custo utilizado pelos fabricantes, é uma das principais causas apontadas para a diabetes.

Sendo o recomendado a ingestão de 25 gramas de açúcar por dia, são comprados 35 quilos de xarope de milho nos Estados Unidos por ano e por pessoa, estimando-se que até 2026 a Europa ultrapasse quatro vezes o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Além de ser um problema para a saúde pública, a diabetes é uma questão económica para os Estados. A FID estima que a maioria dos países gaste entre cinco a 20 por cento das despesas de saúde no tratamento desta doença e que, no total, 12 por cento das despesas de saúde globais sejam devolvidas.
Concorrência
Este desenvolvimento da doença leva à concorrência entre os vários laboratórios que produzem os medicamentos para a diabetes. Por exemplo, “a insulina mais vendida do mundo, com um volume de negócios de 6,3 mil milhões de dólares, perdeu a patente em 2015”.

Este aumento da concorrência fez com que o preço da insulina aumentasse e a que muitos dos doentes nos Estados Unidos parassem o tratamento, explicou Le Monde.

A Novo Nordisk, companhia global de cuidados de saúde, gastou, em 2016, 69 milhões de euros para promover os medicamentos aos profissionais de saúde e para realizar pesquisas.

Várias são as acusações relativas às negociações entre os fabricantes e as farmácias nem sempre serem transparentes, explicou o mesmo jornal, pois os intermediários negoceiam os valores dos medicamentos dos laboratórios com o nome das seguradoras, obtendo descontos.
Dia Mundial da Diabetes
Segundo o Ministério de Saúde, todas as crianças até aos 18 anos com diabetes tipo 1 vão ter acesso de forma gratuita a bombas de insulina dentro de dois anos.

Quase dez mil amputações de membros inferiores foram feitas nos últimos sete anos em Portugal por causa da diabetes, sendo esta uma das mais graves complicações da doença.

De acordo com dados oficiais nacionais, divulgados esta terça-feira, o número de amputações tem registado uma diminuição constante desde 2013, mas no ano passado foram feitas mais de mil amputações de pés, tornozelos ou pernas.

As amputações mais frequentes continuam a ser as dos pés, com 604 no ano passado, enquanto ao nível da coxa, perna ou tornozelo foram realizadas 433 amputações.
A doença prevalece nas regiões do Alentejo e na Região Autónoma dos Açores, já o Algarve é o que apresenta menos casos de doentes.
O Dia Mundial da Diabetes, este ano dedicado às mulheres, é assinalado em Portugal com várias iniciativas. Por exemplo, “A Mulher e a Diabetes”, promovida pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), e que abordará temáticas relacionadas com a sociedade, o universo da mulher e a diabetes. “Prato Azul – Comer Informado”, no Mercado de Campo de Ourique, que falará sobre os hábitos alimentares.

À semelhança de anos anteriores, a estátua do Padre Américo e a fachada do Hospital de Amarante vão estar iluminadas de azul até ao próximo dia 19 de novembro. No Hospital existirão ao longo do dia pontos de esclarecimento de dúvidas.

Este ano o dia é dedicado às mulheres devido a um em cada seis partos ser afetado pela diabetes gestacional, aumentando, por isso, o risco de a mulher poder vir a sofrer de diabetes tipo 2.

O relatório indica que morrem por ano devido à diabetes até 2500 mulheres e até 1900 homens, o que significa mais de quatro por cento das mortes das mulheres e de três por cento nos homens.

A realidade em Portugal é outra porque esta doença atinge mais os homens do que as mulheres, com mais cinco por cento de diferença. Mundialmente são cerca de 200 milhões as mulheres que sofrem com diabetes.

A DGS clarifica no relatório que pretende aumentar em 30 mil, até 2020, o número de novos diagnósticos em fase precoce, diminuir a mortalidade prematura por diabetes em cinco por cento e diminuir o desenvolvimento de diabetes em 30 mil utentes de risco.

c/ Lusa

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