"A senhora Água das Nações Unidas". Morreu Catarina de Albuquerque, antiga relatora especial da ONU

Catarina de Albuquerque, advogada portuguesa e ativista dos Direitos Humanos e do desenvolvimento sustentável, morreu na terça-feira aos 55 anos. A informação foi avançada pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), onde foi vice-presidente da direção entre 2013 e 2019. Foi a primeira relatora especial da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento. O presidente da República destacou "um trabalho notável e inspirador" de uma das vozes mais influentes na defesa do acesso universal à água potável e ao saneamento, como direito universal.

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Sanitation and Water for All (SWA)

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima manifestou o seu "profundo pesar" pela morte de Catarina de Albuquerque, associada da APAV e vice-presidente da direção (2013–2019), numa nota divulgada no Facebook. Sem adiantar mais detalhes, a APAV endereçou as "mais respeitosas condolências à família e amigos". Catarina de Albuquerque, de 55 anos, era licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e mestre em Direito Internacional, pelo Institut Universitaire de Hautes Etudes Internationales (IHEID) de Genebra.

Foi a primeira relatora especial da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento, cargo que exerceu entre 2008 e 2014, até assumir a presidência executiva da parceria global Sanitation and Water for All (Saneamento e Água para Todos).

"Como primeira Relatora Especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao saneamento, tive o privilégio e a responsabilidade de abrir novos caminhos — criando um espaço para a água e o saneamento na agenda global de direitos humanos, mas também colocando os direitos humanos na agenda global da água, quando eles eram muitas vezes ignorados”, afirmou Catarina de Albuquerque. “Isso significou ser uma voz nova num campo que precisava desesperadamente de mais ambição, ação e responsabilidade”. 
"Um trabalho notável e inspirador" 
Após o anúncio da sua partida, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou consternação pela morte da jurista e sublinhou o "papel muito relevante, a nível nacional e internacional, para a promoção dos Direitos Humanos e do desenvolvimento sustentável".

"Catarina de Albuquerque deixa-nos demasiado cedo, mas tendo já realizado um trabalho notável e inspirador, de busca incessante pela melhoria das condições de vida e pela preservação da dignidade dos mais desfavorecidos", reagiu Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota divulgada na página da Presidência. O seu trabalho no âmbito dos Direitos Humanos valeu-lhe, em 2009, a Medalha de Ouro dos Direitos Humanos pela Assembleia da República e a Ordem de Mérito atribuída pelo Presidente da República

Na mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa expressou à família e aos amigos de Catarina de Albuquerque "as mais sinceras condolências por esta irreparável perda".
"A senhora 'Água' das Nações Unidas"
Ao longo da sua carreira foi membro de várias delegações portuguesas das Nações Unidas e consultora do Comité Português para a UNICEF. Posteriormente, Catarina de Albuquerque trabalhou para a Agência Suíça para o Desenvolvimento, a Comissão Europeia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 

Numa mensagem no Linkedin, a Missão de Portugal junto das Nações Unidas em Genebra recordou "com profunda gratidão e trabalho conjunto de décadas com a eminente jurista portuguesa e com a Senhora "Água" das Nações Unidas".


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