De acordo com fontes hospitalares, o casal que continua internado no Hospital Pedro Hispano está a evoluir favoravelmente, pelo que a mulher poderá ter alta ainda hoje. O homem deverá continuar sob observação médica por ter sofrido fracturas nos membros.

"Ambos, um homem e uma mulher, apresentavam traumatismos crânio-encefálicos que se revelaram ligeiros. No caso do homem deverá manter-se internado, em Gaia, para tratamento às fracturas nos membros", indicou Adelina Pereira, directora do Serviço de Urgência do Pedro Hispano.
O acidente ocorreu por volta da uma da manhã, quando uma cadeira de um carrossel se soltou e atingiu várias pessoas que estavam no recinto da feira. As vítimas de maior gravidade estavam na cadeira que se soltou.

Rompimento de tubo de suporte terá sido causa do acidente

A causa do acidente terá sido o rompimento do tubo de suporte da cadeira, conclusão já avançada após uma vistoria realizada pelos técnicos da associação do sector. Os especialistas sustentam que nada fazia prever este acidente.

O autarca de Matosinhos, responsável pelo licenciamento das diversões, tem outra opinião e diz ter dúvidas sobre a validade dos certificados que foram entregues pelos proprietários dos equipamentos.

Por outro lado, António Henriques, proprietário do Carrossel do Gelo, já saiu em defesa própria para dizer que tem a manutenção do equipamento em ordem, garantindo que o equipamento, com 10 anos, é vistoriado todos os anos por um engenheiro.

Esta garantia é sustentada por uma fonte da autarquia que confirmou à Agência Lusa que todos os equipamentos de diversão presentes no recinto da Festa do Senhor de Matosinhos apresentaram a documentação exigida.

"A autarquia limita-se a dar a licença mediante os documentos exigidos e neste caso concreto a licença do carrossel foi actualizada em Janeiro", confirmou a mesma fonte, para adiantar que vai ser instruído um inquérito para avaliar as causas do acidente. No mesmo sentido, a PSP confirmou que a investigação criminal está já a decorrer.

Responsabilidades diluídas num "vazio legal"

Sem certezas sobre quem deve fiscalizar as feiras e este tipo de aparelhos de diversão em Portugal, as câmaras municipais acabam por autorizar a instalação e funcionamento dos parques.

O Instituto Português de Qualidade, que depende do Ministério da Economia, garante apenas a certificação dos equipamentos e empurra a responsabilidade para as autarquias. É perante este cenário que a Defesa do Consumidor diz que tudo se resume a um vazio legal.

Outros acidentes já custaram vidas

Em Agosto de 2007, uma menina de seis anos perdeu a vida numa pista de carrinhos de choque, em Oliveira de Azeméis, depois de uma descarga eléctrica.

Ainda nesse Verão, noutra feira do Norte do país e também nos carrinhos de choque, um rapaz de 17 anos morreu igualmente electrocutado.

Na altura, o Instituto Português de Qualidade comprometeu-se a definir o organismo responsável pela fiscalização deste tipo de equipamentos ambulantes.

Num contacto da RTP, fonte do Ministério da Economia garante no entanto que a fiscalização cabe às autarquias, quando tudo o que as câmaras municipais fazem na prática é limitar-se a pedir um termo de responsabilidade aos proprietários dos parques de diversão.

A Defesa do Consumidor lamenta que estes acidentes continuem a acontecer por falta de fiscalização e propõe que seja a ASAE a fazê-la.