Activistas desfilam nus contra mutilação de ovelhas na Austrália

Activistas dos direitos dos animais vão desfilar nus sexta-feira em frente à embaixada da Austrália em Lisboa num protesto contra as mutilações feitas a ovelhas por alguns produtores de lã australianos.

Agência LUSA /

Anabela Gonçalves, activista que organiza a iniciativa, disse hoje à agência Lusa que foi já lançado um apelo para um boicote aos produtos de lã australianos.

Vários protestos semelhantes ao que decorrerá em Lisboa realizaram-se em vários países da Europa e também nos Estados Unidos, em iniciativas promovidas pela organização internacional PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais).

Os activistas sentem-se indignados pelo facto de alguns produtores de lã australianos se recusarem a assinar um acordo promovido pela PETA e que pretendia acabar com a mutilação de ovelhas.

Segundo Anabela Gonçalves, produtores de lã australianos "executam nas ovelhas uma operação de mutilação totalmente bárbara e que é escusada".

O tipo de ovelha mais comum na Austrália tem muitas pregas na pele.

Essas pregas retêm urina e algumas fezes, atraindo moscas e insectos que colocam ovos nas dobras da pele, criando larvas e, assim, prejudicando a lã e as próprias ovelhas.

Para evitar esta situação, alguns produtores de lã "cortam, sem qualquer anestesia, bocados de carne nas zona genital e na do ânus das ovelhas".

"É como uma operação cirúrgica, mas feita sem qualquer anestesia. É uma operação bárbara, em que os animais são amarrados a barras de metal pelas pernas traseiras e lancetados por lâminas ou tesouras", descreveu Anabela Gonçalves.

A PETA considera que há alternativas para evitar o sofrimento dos animais que são até usadas na Europa.

"Alguns produtores usam um tipo de tratamento diferente, mas que é mais demorado e mais caro. Com uma tesoura vão cortando lã nas zonas genital e do ânus com muita regularidade, para evitar a formação de larvas", disse à Lusa a activista portuguesa.

Outro dos motivos do protesto é o facto de a Austrália exportar ovelhas vivas para países "onde não há respeito pelos direitos dos animais" e "sem cumprir as regras de transporte".

Na sua página da Internet, a PETA está a apelar às pessoas para que escrevam ao primeiro-ministro australiano, John Howard, pedindo-lhe que termine com "as práticas cruéis" sobre as ovelhas.

PUB