Acupuntura é usada por médicos em Alcoitão como complemento à reabilitação de doentes

por Lusa

Lisboa, 09 nov (Lusa) -- A partir do próximo ano, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão vai ter uma consulta específica de acupuntura feita por médicos, aproveitando a experiência adquirida nos últimos três anos de associação daquela técnica à reabilitação de doentes.

O Centro, que pertence à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, diz-se pioneiro ao associar a acupuntura ao plano de reabilitação dos utentes com problemas musculares ou esqueléticos, tendo feito tratamentos já em 50 doentes, com "excelentes resultados".

Carmo Cary, médica fisiatra em Alcoitão (Cascais), explica que a acupuntura não serve, em si só, para reabilitar doentes, mas sim para tratar a dor.

A maioria dos utentes submetidos a acupuntura no Centro tem dor no ombro em resultado de um AVC (acidente vascular cerebral), mas há também casos de outras patologias.

É o caso de Isabel Barros, doente com esclerose múltipla, que começou a fazer acupuntura há cerca de um ano, devido a dores fortes na sequência de uma queda motivada pela doença.

Depois de ter estado internada em Alcoitão, referenciada pelo Hospital Amadora-Sintra, Isabel passou por processos de fisioterapia e reabilitação e iniciou a acupuntura.

"Há um alívio muito grande. A dor passa. Tentei uma grande quantidade de comprimidos e uma consulta da dor num hospital. Apesar disso, nada me resolveu. Só a acupuntura", relata.

Garante que não sente dor na aplicação das agulhas e que o tratamento é até relaxante.

Atualmente, há em Alcoitão três médicos com uma pós-graduação em acupuntura preparados para fazer este tratamento complementar.

Numa fase inicial, só os doentes internados eram encaminhados para esta intervenção terapêutica, que depois começou a ser aberta aos casos em ambulatório.

Contudo, só no próximo ano é que os profissionais de Alcoitão terão espaço definido nas suas agendas para as consultas de acupuntura.

"É adequado a muitas patologias e resolve muitas situações com o mínimo, ou zero, efeitos secundários. Se em vez de as pessoas se encharcarem de analgésicos ou outra medicação, que tem efeitos secundários, conseguirmos resolver com sessões de acupuntura, é ótimo ", comenta à agência Lusa a médica Carmo Cary.

A fisiatra considera ainda que há vantagens em ser um médico a executar esta técnica: "acho que a mais-valia de ser um médico a fazer este tipo de tratamento é que conhece exatamente a anatomia. Isso evita alguns acidentes que podem acontecer quando a acupuntura é feita por técnicos não tao profissionais".

Da meia centena de doentes que já fez acupuntura em Alcoitão, mais de metade referiu melhorias ao nível da dor e, nalguns casos, essa diminuição fez que voltassem a conseguir realizar alguns movimentos.

Foi o caso de Lisete Redondo, que iniciou um programa de acupuntura por fortes dores nos ombros que começaram há mais de uma década.

Chegou a fazer séries de fisioterapia, mas sem resultados. Depois de experimentar a acupuntura diz que "nada tem paralelo" a esta técnica.

"Estou muito melhor. Nem tenho palavras. É como a noite do dia. Ainda não estou a 100 por cento, mas estou a 90 por cento", afirma, contando que voltou a conseguir fazer movimentos que antes lhe eram impossíveis de realizar por causa da dor.

Lisete Redondo, que quase todas as semanas vai a Alcoitão, faz os tratamentos ao abrigo da ADSE, que tem acordo com o Centro, tal como acontece com outros subsistemas, já que não há atualmente um acordo direto com o Serviço Nacional de Saúde, apesar de os utentes poderem ser referenciados por outro hospital ou médico de família.

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