AE da Universidade de Évora "surpreendida" com resultados

A presidente da Associação de Estudantes da Univ ersidade de Évora confessou-se hoje "surpreendida" com os resultados de um inqué rito na Universidade de Coimbra segundo o qual um terço dos alunos concorda com a realização de praxes violentas.

Agência LUSA /

Em declarações à agência Lusa, Daniela Castanho garantiu que, na acade mia alentejana, seriam obtidos "resultados muito diferentes sobre a praxe".

O inquérito, a que responderam 2.819 alunos da academia de Coimbra, foi divulgado hoje no Jornal de Notícias (JN) e dá conta que 32,3 por cento dos est udantes diz concordar com a prática de "actos de violência física ou simbólica" durante a praxe académica.

Os dados revelam também que 28 por cento dos alunos discorda de que a p raxe deve ser "facultativa e respeitar quem não quiser aderir" e que 80 por cent o dos estudantes inquiridos dizem-se favoráveis à discriminação sexual, recusand o qualquer revisão do código da praxe que iguale os direitos de homens e mulhere s.

Confrontada pela Lusa com estes resultados, a presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Évora (AEUE) garantiu que essas percentagens de respostas "não se podem aplicar ao espírito académico que existe" na cidade ale ntejana.

"Fico surpreendida, e muito, porque não é essa, obviamente, a ideia que se tem da praxe em Évora. Aqui, a praxe dura um mês e é mais longa do que a rea lizada em Coimbra (uma semana), mas, apesar de também ter regras rígidas, os lim ites não se ultrapassam", frisou.

De acordo com Daniela Castanho, no que respeita a actos de violência fí sica ou simbólica, "não é muito normal que façam parte da praxe em Évora", que r eúne cerca de oito mil estudantes universitários.

"A praxe obedece a outro tipo de valores e a limites e os abusos, sobre tudo os de violência, não são muito comuns", sublinhou, considerando também que a percentagem de alunos anti-praxe, comparando com os três por cento do inquérit o efectuado em Coimbra, "seria um pouco superior, embora não muito".

Num inquérito desse tipo realizado em Évora, relativamente aos resultad os de Coimbra, argumentou, as "maiores disparidades" estariam relacionadas com a praxe violenta, com o facto de ser ou não facultativa e com a discriminação sex ual.

"Certamente, em Évora, esses dados teriam percentagens muito mais baixa s", afiançou.

No capítulo da discriminação sexual, Daniela Castanho considerou ainda "ridícula" a sua existência na vida académica: "Não sei de onde é que vêm esses resultados, mas acho patético que se defenda a discriminação sexual nos dias que correm".

"A tradição académica não tem nada a ver com discriminação sexual, aind a para mais se nos lembramos que, no ensino superior, há muito mais mulheres do que homens", acrescentou.

A presidente da AEUE lembrou ainda que a academia alentejana possui um código de praxe, denominado "C.E.G.A.R.R.E.G.A.", onde estão expressas as "norma s" sobre a tradicional recepção do caloiro na vida académica.

"O código é lido ao caloiro, no primeiro ano, e este, a partir da queim a das fitas do segundo ano, quando passa a usar traje académico, tem que o levar sempre consigo, quando vai trajado", disse.

Os órgãos e grupos da tradição académica, os graus académicos, as cores dos cursos, o traje, a praxe e as solenidades para com os caloiros estão especi ficadas no código, que, segundo Daniela Castanho, "apesar de poder assustar" os alunos do primeiro ano, quando chegam a Évora, é uma "brincadeira, meramente, si mbólica, que também define os limites até onde se pode ir".

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