Aeroporto de Lisboa. OMS está “atenta” aos níveis elevados de partículas nocivas

por RTP
As partículas em questão entram no corpo por via respiratória ou dérmica e por ingestão Rafael Marchante - Reuters

Um estudo divulgado esta terça-feira revela que a qualidade do ar na zona do Aeroporto de Lisboa é altamente afetada por partículas ultrafinas emitidas pelos aviões e que representam um risco para a saúde. Margarida Lopes, investigadora responsável pelo estudo, garantiu esta manhã à RTP que “a Organização Mundial de Saúde está atenta”.

“As evidências são realmente muito fortes de que [as partículas] são altamente prejudiciais para a saúde, muito mais do que as partículas mais grosseiras, usualmente monitorizadas e cujos limites estão estabelecidos”, frisou Margarida Lopes.

Por essa razão, a investigadora acredita que, “num futuro muito próximo, a Organização Mundial de Saúde recomendará” um limite para estes valores.

O estudo, publicado na revista científica Atmospheric Pollution Research, constatou que “a emissão de partículas ultrafinas pelos aviões” é “absolutamente brutal” e que, “dadas as circunstâncias do aeroporto de Lisboa, completamente no centro da cidade”, com os aviões a passarem “bastante baixo quando vão aterrar”, o número de partículas “aumenta imenso no local para onde elas forem empurradas”.

Quando o vento empurra as emissões dos aviões para um ponto específico, as concentrações de partículas nocivas aumentam, nesse ponto, cerca de 18 a 26 vezes mais do que o normal.

Apesar de salientar que “os estudos de saúde são prolongados e demoram tempo até terem conclusões precisas”, a investigadora constatou que esta emissão de partículas é preocupante para a saúde da população e que o problema é mais frequente “na rota de aterragem” do que na descolagem, quando os aviões já vão mais elevados.

Este é o primeiro estudo sobre partículas ultrafinas realizado em Portugal e chama a atenção para o facto de as partículas ultrafinas serem mais tóxicas do que outras partículas a que os seres humanos são sujeitos.As partículas têm sido associadas a doenças neurológicas e "problemas no desenvolvimento fetal e cognitivo das crianças".

As partículas em questão entram no corpo por via respiratória,  dérmica ou por ingestão e “são bastantes prejudiciais para os pulmões, mas não só, porque passam para a corrente sanguínea e daí chegam a qualquer parte do corpo”, adiantou a investigadora à agência Lusa.

As concentrações destas partículas ultrafinas são também bastante elevadas na zona do Campo Grande ou Amoreiras. De acordo com estudos internacionais, as salas de espera dos aeroportos também costumam ser alvo de grande concentração de partículas.

“O estudo efetuado permite concluir que pessoas que trabalham, vivem ou passam uma quantidade considerável de tempo perto do aeroporto, estão expostas a elevadas concentrações” de partículas ultrafinas com “uma magnitude que constitui à partida um risco considerável para a sua saúde”, determinou a investigação.
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