Agência europeia do medicamento pede mais informações sobre Tamiflu

A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) pediu ao laboratório que fabrica o Tamiflu, considerado até agora dos mais eficazes contra a gripe das aves, que fornecesse mais dados sobre os efeitos adversos do medicamento.

Agência LUSA /

De acordo com uma nota do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), o pedido ao laboratório Roche foi feito pelo Comité Científico da EMEA, o Comité de Medicamento de Uso Humano (CHMP), depois de se ter reunido de segunda a quinta-feira desta semana.

O CHMP pediu à Roche que "fornecesse uma revisão de segurança cumulativa de todos os dados de distúrbios psiquiátricos graves disponíveis até à data, incluindo todos os casos notificados com um desfecho fatal em que o medicamento Tamiflu estivesse envolvido", diz a nota do Infarmed.

O Tamiflu é até agora o medicamento recomendado para fazer face a uma possível epidemia em seres humanos da chamada Gripe das Aves, mas já foram associados a ele dois casos de suicídio, comunicados à EMEA.

Os casos, de Fevereiro de 2004 e de 2005, referem-se a dois jovens do sexo masculino, que "apresentaram distúrbios/alterações do comportamento, o que os levou à morte", alerta o Infarmed.

No entanto, na mesma nota, o Instituto salienta que até à data "não há nenhuma relação causal entre a utilização de Tamiflu e o aparecimento de sintomas psiquiátricos (tais como alucinações e comportamentos anormais)".

Dificuldades em estabelecer essa relação prendem-se nomeadamente com o facto de muitas vezes o Tamiflu ser tomado com outros medicamentos, mas também por a febre muito alta (no contexto do vírus influenza - da gripe -) poder igualmente originar sintomas psiquiátricos, acrescenta.

Quinta-feira, fonte oficial da Agência federal norte-americana dos medicamentos (FDA) disse que este organismo estava a investigar a morte, no Japão, de 12 crianças que tomaram Tamiflu.

A mesma fonte também disse que a ligação entre o anti-viral conhecido como dos mais eficazes contra a gripe das aves e as mortes é ainda difícil de estabelecer.

"Baseado nas informações que temos nesta altura, não podemos dizer definitivamente que há uma relação causal entre o medicamento e as mortes das crianças", disse Murray Lumpkin, vice-comissário da Food and Drug Administration (FDA).

Além das mortes japonesas há também a notícia de 32 "casos neuropsiquiátricos" associados ao Tamiflu, 31 dos quais em pacientes também japoneses.

Esses casos incluem delírio, convulsões, alucinações e encefalite.

A FDA conduziu um inquérito para definir os efeitos do Tamiflu em crianças com idades inferiores a 16 anos, de Março de 2004 a Abril de 2005.

"Durante este período de 13 meses, foram comunicadas as mortes de oito crianças. Mais quatro mortes foram depois identificadas durante outras investigações, elevando o seu total a 12", sublinha o relatório.

Na sua resposta a Roche afirma que o Tamiflu foi prescrito a mais de 11,6 milhões de pessoas de menos de 16 anos no Japão e nos Estados Unidos no período 2001-2005. O grupo farmacêutico refere a ocorrência de 13 mortes, todas no Japão.

O Tamiflu é um dos dois anti-virais considerados eficazes em caso de pandemia provocada pela gripe das aves. Não cura a doença, mas atenua os efeitos. É fabricado pelo laboratório suíço Roche.

FP/TM.

Lusa/Fim


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