Agressões a jogadores dão origem a dia tumultuoso no Sporting

por RTP
GNR esteve presente na Academia de Alcochete Mário Cruz - Lusa

O Sporting e o futebol português viveram um dos momentos mais baixos da sua história. Na tarde desta terça-feira, um grupo de adeptos entrou encapuzado na Academia de Alcochete e agrediu jogadores e equipa técnica dos Leões. A GNR foi chamada ao local e 21 pessoas foram detidas.

Passavam poucos minutos depois da 17h00. Um grupo de adeptos de cara tapada entrou na Academia de Alcochete, já depois de ter ameaçado os jornalistas, e provocou o caos. Jogadores e equipa técnica do Sporting foram agredidos e um balneário foi destruído.

Os jogadores visados nas agressões foram Acuña, Misic, William Carvalho, Battaglia e Bas Dost. O holandês foi o jogador que ficou em pior estado, tendo sido agredido na cabeça, precisando de suturação.

O jogador fez algumas declarações a um meio de comunicação holandês em que se revelou "chocado" e disse que se sentia "vazio".

Depois dos incidentes, a GNR foi prontamente chamada ao local para apurar o que aconteceu. Para além de agressões físicas, um preparador físico do Sporting foi ameaçado com uma tocha. Vários adeptos foram identificados e 21 pessoas foram detidas.

Pouco depois das agressões terem acontecido, Bruno de Carvalho chegou à Academia do Sporting. Há relatos de que os jogadores se recusaram a falar com o presidente, tendo saído com escolta policial.
Governo repudia atos criminosos
Perto das 21h00, a secretária de Estado Adjunta da Administração Interna e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto deram uma conferência de imprensa sobre os acontecimentos em Alcochete.

Ambos foram perentórios em repudiar de forma veemente as agressões a jogadores e equipa técnica e mostraram a sua solidariedade para com aqueles que foram agredidos.

Isabel Oneto confirmou que o Ministério Público já iniciou uma investigação ao que aconteceu na Academia do Sporting e garantiu que o Governo vai estudar todas as formas para que a Taça de Portugal decorra com tranquilidade e segurança.

João Paulo Rebelo lembrou também a responsabilidade que Portugal tem no futebol e pediu que todos os intervenientes se juntem ao Governo para pacificar a situação.
Bruno de Carvalho aponta o dedo ao Governo
O presidente do Sporting foi um dos últimos a sair da Academia de Alcochete sem prestar declarações aos jornalistas. Pouco tempo depois, Bruno de Carvalho falou do sucedido na Sporting TV.

O presidente leonino deixou críticas às palavras do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, acusando-o de pedir soluções para o futebol sem as dar.

"Lamento ter ouvido o secretário de Estado do Desporto a dizer que é preciso tomar medidas corajosas, mas não disse quais são essas medidas", afirmou.

Bruno de Carvalho falou num ato criminoso que não pode ser tornado num caso desportivo. O presidente do clube de Alvalade disse que o que aconteceu é um caso de polícia e que a violência é condenável "em todo o lado, não só no Sporting".

Por último, Bruno de Carvalho garantiu que, no próximo domingo, o Sporting vai estar presente no Jamor para disputar a final da Taça de Portugal, frente ao Desportivo das Aves.

Já Jaime Marta Soares descreveu o que aconteceu como um ato de terrorismo. O presidente da mesa da Assembleia-Geral garantiu que nenhum jogador quer sair do Sporting e mostrou-se solidário com o plantel e equipa técnica.

Marta Soares garantiu também que vai convocar todos os órgãos sociais do clube depois da final da Taça para discutir a situação que o clube de Alvalade está a viver.

"Na próxima segunda-feira, após o jogo da Taça de Portugal, depois de serenarem todas essas situações e depois daquilo que eu acredito que será uma vitória esclarecedora, vou convidar ou convocar, se for caso disso, todos os órgãos sociais para analisarmos em conjunto o momento que o Sporting está a viver e, a partir daí, tomarmos as decisões consentâneas com esta realidade".
Pedro Proença pede reflexão
Em entrevista à RTP, o presidente da Liga de Clubes condenou uma "página negra" na história do futebol português.

Pedro Proença pediu um "momento de reflexão profunda dos dirigentes, porque há uma linha que foi ultrapassada, porque o que se passou não foi um caso desportivo, é um caso de polícia, contra os verdadeiros artistas do futebol".

O dirigente deixou também críticas aos que se têm aproveitado do futebol para alcançar outros fins, tal como os "dirigentes e toda a gente que não tem sabido ter a calma e a tranquilidade”.

Na entrevista à RTP3, Pedro Proença considerou ainda que os acontecimentos desta terça-feira são uma “página negra” do futebol em Portugal e um “caso de polícia”.
Centenas de adeptos em apoio à equipa
Depois de terem sido conhecidas as agressões aos jogadores do Sporting na Academia, centenas de adeptos juntaram-se nas imediações do Estádio de Alvalade para mostrar o apoio ao plantel.

Os adeptos entoaram cânticos de apoio ao clube e condenaram os atos contra jogadores e equipa técnica. Alguns adeptos pediram a demissão de Bruno de Carvalho depois do final da Taça de Portugal.

O protesto foi convocado nas redes sociais.
Tópicos
pub