Agrupamento de Centros de Saúde em Alcácer do Sal preocupa comissão de utentes
Santiago do Cacém, Setúbal, 02 Abr (Lusa) - As comissões de utentes do Litoral Alentejano opuseram-se hoje à intenção do Governo de sediar em Alcácer do Sal um Agrupamento dos Centros de Saúde da região, alegando que o projecto "afasta" os serviços das populações.
Na opinião das comissões, a medida, que deverá ser aplicada até ao final de Maio no âmbito de um decreto-lei aprovado em Fevereiro que regulamenta a criação dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), "apenas dificultará a vida aos utentes",
"Um simples reembolso referente a um transporte terá de ser resolvido em Alcácer do Sal em vez de ser tratado na localidade onde o utente reside", salientou, em declarações à Lusa, José Ferro, em nome da organização.
A intenção de agrupar na mesma unidade os serviços "burocráticos" resultará num "afastamento dos serviços das populações" dos cinco concelhos da sub-região (Odemira, Sines, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal), "abrindo as portas aos privados", consideram os representantes dos utentes.
As comissões preparam-se para contestar a medida através da colocação de cerca de 50 faixas nos principais pontos e distribuição de sete mil panfletos pelas populações do Litoral Alentejano.
As acções, que contam com o apoio financeiro das autarquias de Sines e Santiago do Cacém (CDU), vão desenvolver-se entre quinta-feira e sábado, prevendo-se para sexta-feira a distribuição de documentos junto às instalações do Hospital do Litoral Alentejano (HLA).
"Vamos manifestar-nos contra a instalação do Agrupamento em Alcácer, contra a privatização dos serviços de saúde e a falta de médicos e enfermeiros", explicou José Ferro.
Sábado, a acção local insere-se num conjunto de iniciativas promovidas a nível nacional e coordenadas pelo Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).
No Alentejo Litoral, as comissões manifestam-se ainda receosas quanto às implicações da instalação de um Serviço de Urgência Básica (SUB) em Alcácer do Sal, temendo que "acabem por ir buscar médicos e enfermeiros a outros centros de saúde da região".
"Afigura-se o encerramento de alguns serviços, como as extensões de saúde de S. Bartolomeu e S. Francisco da Serra (Santiago do Cacém), quando o que nós pedimos é a abertura e o reforço de outros", lamentou ainda José Ferro.
As comissões preparam-se agora para "lançar" um questionário aos populares acerca dos cuidados de saúde, prometendo "ouvir toda a gente".
"Queremos ganhar as pessoas para a nossa luta. Não basta sermos só nós a lutar contra a falta de profissionais de saúde e o caos nas urgências do HLA. É preciso ter as populações do nosso lado", afirmou o porta-voz dos utentes, prometendo para breve novas acções de luta.