Alegada vítima no caso das orgias garantiu que foi "coagida" pelo marido

Famalicão, 20 dez (Lusa) -- A mulher de Famalicão alegadamente obrigada pelo marido a participar em orgias sexuais, sob a ameaça de arma de fogo, garantiu hoje, em tribunal, que foi mesmo coagida, informou o advogado.

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"A minha cliente é uma vítima", referiu Francisco Peixoto, no final de mais uma audiência do julgamento, que decorre à porta fechada, dado o "foro íntimo" dos factos.

Sobre as imagens que a defesa juntou aos autos, para tentar provar que a mulher participou nas orgias de livre vontade, Francisco Peixoto considera que provam precisamente o contrário.

"Veja o vídeo e veja se minha cliente tem alguma participação espontânea naquela situação", referiu.

No primeiro dia do julgamento, o advogado do arguido garantiu que as imagens comprovam "inequivocamente" que não houve qualquer coação.

"São imagens explícitas, claras, convincentes e inequívocas, que comprovam que houve uma comparticipação de pessoas adultas que voluntariamente praticam factos da vida privada", disse Miguel Brochado Teixeira.

Hoje, o tribunal apenas ouviu a alegada vítima, que continuará a ser inquirida na próxima sessão, marcada para 06 de janeiro.

O arguido responde por um crime de violência doméstica, que incluiu a coação sexual, e ainda por dois crimes de detenção ilegal de arma.

Duas das testemunhas arroladas pela defesa são José Castelo Branco e a mulher Betty Grafstein, que alegadamente eram amigos do casal de Famalicão.

"O senhor Silva [Castelo Branco] presenciou e participou em factos e terá que referir ao tribunal [se houve coação ou se as orgias foram com o consentimento de todos os intervenientes]", referiu Miguel Brochado Teixeira.

Castelo Branco já negou que tivesse participado em qualquer orgia, mas, segundo Brochado Teixeira, há no processo fotografias e vídeos que apontam para a participação do chamado "rei do jet-set".

O arguido está em prisão domiciliária, com vigilância eletrónica.

Este caso foi desencadeado na sequência de uma investigação por posse ilegal de armas, durante a qual a mulher do arguido se queixou de violência doméstica.

No processo, há também fotos em que a mulher ostenta nódoas negras no corpo, que a acusação diz serem resultado das agressões do marido, mas que a defesa associa às orgias, em que haveria sessões de sadomasoquismo.

No mesmo processo, há um outro arguido, irmão da alegada vítima, que responde por dois crimes de detenção ilegal de arma.

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