Alegre diz que é incomodo porque se ganhar impedirá clientelismo

Manuel Alegre afirmou quinta-feira à noite que a sua candidatura independente a Belém é incómoda porque, se for eleito, terá acesso a muita informação e impedirá os interesses ilegítimos, a suspeição e o clientelismo.

Agência LUSA /

No maior comício da sua campanha, mas que não encheu metade do Pavilhão Atlântico, Manuel Alegre apontou "o problema da suspeição e da corrupção" como uma questão de regime e voltou a referir-se ao "bloco central de interesses" entre o PS e o PSD.

"É por isso que a minha candidatura incomoda tanta gente e que tanta ou certa gente gostaria que não fosse eu a passar à segunda volta. Como Presidente da República, vou ter muita informação, vou saber muita coisa e muita coisa não se passará por que não deixarei que se passe", acrescentou.

O dirigente do PS assegurou depois que garantirá "a transparência, a decência, a saúde da democracia" e que impedirá "os interesses ilegítimos, obscuros e todas as formas de suspeição e de clientelismo que minam o Estado democrático".

Afirmando que tem contra si "todos os aparelhos partidários", da direita à esquerda, Alegre apelou ao voto dos eleitores "de todos os quadrantes" para que "não se perca a esperança" criada com a sua candidatura sem apoios partidários.

"Esta é uma candidatura de grande transversalidade. Sou um homem da esquerda, da esquerda da resistência ao fascismo, da cadeia e do exílio, de todos os combates, da esquerda dos valores e não dos interesses, mas dirijo-me a todos os que partilham os valores que defendo", disse.

Aos milhares de pessoas presentes no concerto-comício, Alegre enumerou os seus valores: "Liberdade, um certo conceito de pátria e de portugalidade, democracia, no princípio fundamental da justiça social, seja segundo a doutrina social da Igreja ou do socialismo".

O vice-presidente da Assembleia da República insistiu que é o único que pode vencer Cavaco Silva, que definiu como "o candidato da direita" e "do neo-liberalismo e do desmantelamento do Estado social" e que "já provou o que era quando foi primeiro-ministro".

A derrota de Cavaco Silva foi a motivação apontada por Alegre para fazer um apelo "solene e muito sentido" ao voto dos socialistas, sustentando que, "por muito que isso custe a alguns", só ele pode vencer passar à segunda volta e vencer o candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP.

A todos, o candidato independente pediu que se mobilizem e que no domingo "nenhum voto fique em casa, que nenhum voto troque de campo, nenhum voto se engane, que cada voto conte para o essencial: a passagem à segunda volta".

Manuel Alegre discursou durante 40 minutos, com meia dúzia de jovens apoiantes por trás.

à sua intervenção seguiram-se actuações musicais do Quinteto Tati, Pacman, Lena d`Água, Microaudiowaves, Paulo de Carvalho, Fausto, Rádio Macau, UHF e Jorge Palma.

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