Alentejo é "laboratório" do que será Portugal em 2030 a nível demográfico - especialista
Évora, 07 mai (Lusa) -- A demógrafa Maria João Valente Rosa apontou hoje o Alentejo como exemplo do futuro expectável do país em 2030 em termos demográficos, porque é a região nacional mais envelhecida, tendo perdido um quarto da população em 50 anos.
"O Alentejo é um exemplo do que poderá ser o futuro do país, porque é uma região que, atualmente, já está mais envelhecida do que a média nacional", disse.
Segundo a demógrafa, as previsões para o país são que, em 2030, "poderão existir dois idosos por cada jovem", o que hoje "já acontece no Alentejo". "Por isso, o Alentejo poderá servir como um bom laboratório sobre aquilo que será o futuro do país, do ponto de vista demográfico, porque já tem aquilo que se admite que o país terá daqui a duas ou três décadas", continuou.
Maria João Valente Rosa falava aos jornalistas, em Évora, à margem do debate "O Interior Está em Risco de Desaparecer?", que decorreu na universidade alentejana e em que foi uma das oradoras.
Organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, o encontro teve também outros oradores, como o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles ou a presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes.
No período entre 1960 e 2011, o Alentejo perdeu cerca de um quarto da sua população, registando menos 239 mil residentes.
Trata-se também da região do país, de acordo com os Censos de 2011, com maior número de idosos por cada 100 jovens, detendo um índice de envelhecimento de 178.
Já o índice de envelhecimento nacional era, em 2011, de 128, mas registou um aumento, uma vez que, em 1960 era de 27.
Maria João Valente Rosa admitiu que, no futuro, Portugal não tem necessariamente que entrar em declínio demográfico, porque a população "pode não diminuir e até estabilizar", graças aos movimentos migratórios, mas alertou que o país vai envelhecer.
"Seremos mais velhos do que hoje", mas isso "não é sinal de desaparecimento de uma população", disse, explicando que o envelhecimento se deve a dois fatores.
Por um lado, "a maior parte das pessoas que existirão daqui a duas ou três décadas já nasceu hoje" e, por outro, "as pessoas vão viver mais tempo".
O interior do país é o que mais sofre e onde é mais visível o processo de envelhecimento, mas, para tentar inverter ou minimizar esta tendência, é preciso não aplicar soluções simplistas.
"Há vários tipos de interior do país, Portugal é um país profundamente assimétrico, com grandes diferenças internas, e é preciso conseguirmos olhar de uma forma muito diversa para esse mesmo território e não tentar aplicar uma mesma fórmula a todos", defendeu.