Aljustrel lidera no risco de morte por cancro e o Alvito nas doenças do aparelho circulatório
Lisboa, 13 Mai (Lusa) - Aljustrel e Alcochete foram os concelhos do Continente com o maior risco de mortalidade por cancro no Continente entre 2000-2004 e o Alvito teve o maior registo de óbitos por doenças ligadas ao coração, segundo um estudo apresentado hoje.
Estas conclusões - bem como a falta de coincidência entre as taxas mais elevadas de mortalidade e de internamentos - constam do livro "Análise da Mortalidade e dos Internamentos Hospitalares por Concelhos de Portugal Continental (2000 e 2004)", que será apresentado hoje em Lisboa, na presença do ex-ministro da Saúde Correia de Campos.
Nesta primeira fase do estudo, foram analisados os óbitos e os internamentos de acordo com quatro grandes grupos de causas: "todas as causas, excepto causas externas" (que incluía 95 por cento do total de óbitos em Portugal Continental entre 2000 e 2004), doenças do aparelho respiratório, doenças do aparelho circulatório e neoplasias malignas (cancro).
Da análise feita concluiu-se que as taxas gerais mais elevadas de mortalidade registaram-se em concelhos do Alentejo, enquanto os internamentos ocorreram a Norte, com a Covilhã a liderar a tabela.
Apenas em Lisboa e Vale do Tejo se encontrou um número reduzido de concelhos com taxas de mortalidade e internamento superior ao percentil 90.
Dos três grandes grupos estudados de doenças, as regiões de Lisboa e Beja são das mais citadas em termos de cancro e patologias do aparelho circulatório, enquanto nas doenças respiratórias as maiores taxas padronizadas estão no Centro e Norte, com alguns concelhos de Lisboa e Vale do Tejo a destacarem-se por pneumonia e gripe.
Quanto a doenças do aparelho circulatório, onde se incluem as cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC), provocaram no período em estudo quase 40 por cento dos óbitos totais e 14,5 por cento dos internamentos.
O concelho do Alvito registou as maiores taxas de mortalidade em todas as doenças do aparelho circulatório, incluindo os acidentes vasculares cerebrais e a doença isquémica do coração, que pode provocar enfartes.
As neoplasias malignas (cancro) foram responsáveis por 22,2 por cento das mortes e 6,5 por cento de internamentos, com o maior risco de mortalidade a constatar-se nos distritos de Beja, Setúbal, Porto e alguns concelhos do distrito de Viana do Castelo.
Beja somou os maiores valores no geral e também em termos de neoplasias malignas de brônquios e pulmões.
Segundo o estudo, em zonas como Penamacor e Fundão há mais do dobro do risco de internamento.
Já as doenças do terceiro grande grupo, as relacionadas com o aparelho respiratório, provocaram 9,1 por cento da mortalidade e 9,8 dos episódios de internamento.
As maiores probabilidades de morte ou de ser ser internado devido a estas doenças é no Centro e Norte, principalmente no Porto e Aveiro, enquanto os valores mais baixos encontram-se em alguns concelhos do Alentejo e do interior.
Para a população residente no concelho de Bragança, o risco de internamento hospitalar foi sempre superior ao do continente, atingindo um máximo no caso da pneumonia e gripe.
Da autoria de Rita Nicolau, Ausenda Machado, José Marinho Falcão e Baltazar Nunes, o livro é o resultado da conclusão da primeira de três fases do projecto GeoFASES (análise Geográfica de Factores Ambientais e Socio-Económicos em Saúde.
Co-financiado pela Fundação Merck Sharp e Dohme e desenvolvido pelo Departamento de Epidemiologia (ex-ONSA) do INSA, a segunda fase do GeoFASES irá avaliar se a variação geográfica de características sócio-económicas, da exposição a factores ambientais e de estilos de vida da população podem explicar a variação de números.
Numa terceira e última fase, irá estimar-se o impacto dos factores ambientais.
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