Alunos da Carolina Michaëlis regressam às aulas com apelo à tranquilidade

Alunos e professores da secundária Carolina Michaëlis, no Porto, regressaram esta segunda-feira às aulas com ”tolerância zero” para a utilização de telemóveis no interior das salas. Em dia de reflexão sobre o recente incidente entre uma aluna e uma professora, a Associação de Estudantes da escola pediu “tranquilidade”.

Carlos Santos Neves, RTP /
Alunos regressam às aulas após as férias da Páscoa RTP

Concluídas as férias da Páscoa, a escola secundária Carolina Michaëlis enceta o terceiro período de aulas envolta numa visibilidade mediática que a Associação de Estudantes quer ver atenuada. Até porque a maioria dos alunos é “responsável, interessa-se e cumpre as regras”. É essa a convicção manifestada por Tiago Andrade, presidente da Assembleia-Geral da Associação de Estudantes, aos jornalistas concentrados nas imediações da Carolina Michaëlis.

“As autoridades já agiram, deixem-nos começar as aulas com tranquilidade”, apelou o aluno, evocando “casos mais graves nesta e noutras escolas que passaram sem que ninguém tivesse tomado medidas”.

Depois da atenção mediática despertada pela publicação, na Internet, do vídeo que mostrava uma confrontação entre aluna e professora por causa de um telemóvel, a escola quer agora cumprir à risca a proibição do uso daqueles aparelhos no interior das salas de aula, prevista no novo Estatuto do Aluno. Mas o primeiro dia de aulas fica sobretudo marcado pela reflexão sobre o incidente ocorrido na última semana antes das férias. Um esforço de esclarecimento de alunos e professores da Carolina Michaëlis fomentado pela Direcção Regional de Educação do Norte.

A professora de Francês envolvida no incidente não deverá retomar o trabalho esta semana. Admite-se mesmo que venha a ser substituída por uma colega até ao final do ano, por forma a que a turma em causa, o 9.º C, não seja prejudicada.

“Importa criar condições de dignidade e de tranquilidade para o regresso da professora. Os alunos não serão prejudicados porque terão todas as aulas até ao fim do ano”, afirmou a directora Regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, em declarações citadas pela Agência Lusa.

Após o inquérito conduzido pelo conselho executivo da escola, a aluna de 15 anos que confrontou a professora foi transferida compulsivamente para outro estabelecimento de ensino, tendo a mesma sanção sido aplicada ao colega de turma que filmou a cena.

Na passada quinta-feira, a professora formalizou três queixas judiciais – uma contra a aluna agressora e outras duas contra os colegas de turma.

Plataforma Sindical de professores pede reunião com PGR

Em dia de regresso às aulas, a Plataforma Sindical dos professores – estrutura que reúne os sindicatos do sector - manifestou a sua preocupação face a casos de violência escolar e anunciou a intenção de pedir uma reunião com o procurador-geral da República, Pinto Monteiro.

“Nós estamos muito preocupados com isto. Achamos muito mal que o Ministério da Educação esteja a desvalorizar, como está, estas situações”, afirmou Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

“Nós temos conhecimento de situações que, se calhar, por vezes não chegam ao conhecimento do senhor procurador. E portanto comprometemo-nos, em casos deste tipo e com acordo do professor, a fazê-los chegar à Procuradoria para que sejam investigados e, se houver matéria de justiça, que ela se aplique”, concluiu o sindicalista.
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