Alunos de Turismo e Sociologia de Évora protestam contra eventual alternância dos cursos

Évora, 04 Jun (Lusa) - Dezenas de alunos de Turismo e de Sociologia da Universidade de Évora, trajados de negro, protestaram hoje, num edifício da academia, contra a possibilidade dos respectivos cursos passarem a abrir em regime de alternância anual.

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"A proposta da reitoria de passar a abrir estes dois cursos de forma alternada é meio caminho andado para os matar", garantiu à agência Lusa António Cuco, presidente do Núcleo de Estudantes de Turismo.

A mesma opinião foi expressa por João Fernandes, presidente do Núcleo de Estudantes de Sociologia: "Esta medida extremista e imponderada não pode ser tolerada".

Algumas dezenas de alunos de ambos os cursos, quase todos de traje académico, "em sinal de luto", concentraram-se esta tarde no Palácio do Vimioso, à porta do qual, no chão, colocaram uma capa, uma cruz e um cartaz que dizia "Aqui jazem os cursos de Sociologia e Turismo".

Nesse edifício da universidade, à mesma hora, decorria uma reunião do Conselho Científico que, entre outros assuntos, analisou a possibilidade de alternância relativamente às licenciaturas de Turismo e Sociologia.

No final da reunião, António Cuco revelou que "o Conselho Científico não concordou com a intenção de fazer alternar a abertura destes cursos".

"Mas, como há uma imposição do Ministério do Ensino Superior para que a Universidade de Évora passe a ter apenas 34 cursos, vão haver outras licenciaturas que poderão acabar ou funcionar alternadamente", disse.

Os alunos prometem ficar atentos ao evoluir da situação, pois, alegam desconhecer se a proposta "ainda irá ser submetida ao Senado para aprovação", mas argumentam desde já que "não faz sentido haver descontinuidade formativa em Turismo ou em Sociologia".

"O turismo é um dos sectores chave do desenvolvimento do Alentejo e é um curso com elevada procura, tanto por parte de alunos, como por parte dos empregadores que procuram licenciados nesta área", justificou António Cuco.

Já João Fernandes lembrou que Sociologia na Universidade de Évora é "um dos cursos mais antigos do país" nessa área e que "tem sempre procura", tendo a proposta, a avançar, consequências negativas.

"Poderá ocorrer a situação de alunos que tenham cadeiras atrasadas do primeiro ano e, como no ano seguinte o curso não abre, não as poderão fazer", exemplificou, corroborado por António Cuco: "O mais grave serão os alunos do terceiro ano, com cadeiras ainda do segundo, que acabam o curso e, depois, têm que fazer mais um ano de matrícula para terminar o que estava em atraso".

Os dois estudantes dizem não encontrar justificação para a "proposta da reitoria", pois, com os constrangimentos financeiros da universidade, "não faz sentido", já que "são cursos com muita procura", sendo o financiamento do ministério "atribuído em função do número de alunos".

Em declarações aos jornalistas, o reitor, Jorge Araújo, garantiu tratar-se de "um dossier que não está fechado" e que o Conselho Científico "não analisou qualquer proposta, mas apenas um documento de trabalho".

"Não tem a ver com os constrangimentos financeiros, mas sim com o número de cursos, 34, que podemos abrir, embora tenhamos em carteira 39. Alguns terão que ficar de fora", disse, lembrando que Filosofia e Química, por não terem "financiamento, nem alunos", vão deixar de constar da oferta formativa.

O reitor disse ainda que o senado universitário só deverá pronunciar-se quando "for conhecido em definitivo o despacho orientador do ministro do Ensino Superior sobre esta matéria", o qual está "em sede de consulta no Conselho de Reitores", pois, a academia alentejana ainda não sabe se "terá que sujeitar-se aos 34 cursos ou se poderá alargar a oferta um pouco mais".


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