Alunos do Ensino Superior Particular são controlados pelo Governo, dizem associações de Lisboa
Várias associações de estudantes de faculdades de Lisboa acusaram a Federação de Estudantes do Ensino Particular e Cooperativo de ser "um instrumento do Governo" para descredibilizar o movimento associativo, em reacção às críticas daquela organização.
Em conferência de imprensa realizada hoje, a Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Particular e Cooperativo (FNAEESPC) acusou sete associações de estudantes, a maioria de Lisboa, de serem "controladas por partidos de esquerda" e "boicotarem" a educação em Portugal.
O presidente da FNAEESPC, José Alberto Rodrigues, apontou o dedo nomeadamente às associações de estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa, das faculdades de Letras de Lisboa e Porto, Belas Artes de Lisboa, Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e Medicina Dentária da Universidade Clássica de Lisboa.
Em declarações à Agência Lusa, várias associações de estudantes em causa repudiaram as acusações, afirmando que a Federação quer apenas descredibilizar a luta dos estudantes e boicotar as acções de protesto agendadas.
Mafalda Serrasqueiro, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, garante que "existem várias orientações políticas e ideológicas dentro da Associação de estudantes (AE), pelo que não há qualquer hipótese de haver controlo por parte de um partido".
Na opinião da representante da AE, tal não acontece na Federação.
"A FNAEESPC é completamente controlada pela direita. Essa federação marcou um Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA) para 04 de Novembro, dia para o qual está marcada uma manifestação nacional do ensino superior. Se alguém está a boicotar alguma coisa não somos nós", afirma.
Miguel Tiago, da AE da Faculdade de Ciências de Lisboa, disse à Lusa não reconhecer "qualquer direito à Federação para tecer estas considerações", que afirmou serem de "muito mau gosto" e "sem qualquer fundamento".
O representante da Faculdade de Ciências sustentou que a Associação de Estudantes a que pertence "é das que mais propostas apresenta no ENDA e que mais contribui para a discussão".
à acusação de que a AE é controlada por um partido, Miguel Tiago afirmou: "quando Durão Barroso se demitiu, essa federação emitiu uma nota apelando à não convocação de eleições antecipadas".
"Jamais terá legitimidade para nos acusar de colagem político- partidária. A Federação está profundamente instrumentalizada pelo Governo", afirmou.
Por sua vez, André Caldas, da Faculdade de Medicina Dentária, lamentou que "a Federação produza opiniões com tal leviandade, sem conhecer qual é a utilização" que a AE que representa dá aos fundos que recebe.
Para o estudante, a conferência de imprensa hoje convocada pela FNAEESPC "é uma garotice", adiantando que a AE da Faculdade de Medicina Dentária inclui "várias orientações políticas e ideológicas".
"Não lhe damos crédito para falar de instrumentalização, sobretudo porque é notória a instrumentalização política deles", referiu.
Também a AE da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) garante não representar nenhum partido.
Telmo Alcobia, da ESBAL, acusa a Federação de produzir Sataques gratuitos que tentam descredibilizar o movimento associativo", que considera "uma falta de respeito para com outras associações e todos os alunos do país".