Alunos e professores integram "Maior Aula do Mundo" para dar voz as crianças sem educação

Lisboa, 23 Abr (Lusa) - Centenas de alunos e professores portugueses do norte e sul do país integraram hoje a "Maior Aula do Mundo", dando voz a "72 milhões de crianças" que ainda não têm acesso à educação, explicou hoje uma responsável.

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A iniciativa - promovida em simultâneo "em mais de 100 países pela Campanha Global pela Educação" - juntou em todo o mundo milhares de alunos e professores de todas as nacionalidades sob o lema "Mais Educação, Menos Exclusão", afirmou hoje à Lusa a coordenadora da iniciativa em Portugal, Margarida Alvim.

A Campanha Global pela Educação (CGE) é uma coligação internacional de organizações não-governamentais, sindicatos, instituições escolares e movimentos sociais que defende o acesso à escola para todas as crianças e pede aos governos, incluindo ao de Portugal, que garantam o direito à educação para todos.

Em Portugal, cerca de 100 estabelecimentos escolares do norte ao sul do país aderiram à esta iniciativa, cuja parte mais visível decorreu hoje no Colégio de N.ª Sr.ª Conceição da Casa Pia de Lisboa.

Só aqui juntaram-se "cerca de 130 alunos, professores e figuras políticas", explicou a responsável.

"O objectivo desta campanha foi o de envolver escolas portuguesas e de todo o mundo para dar voz as 72 milhões de crianças que ainda não têm acesso à educação e lembrar a necessidade de tornar real e efectivo o direito a uma educação básica de qualidade", afirmou Margarida Alvim.

A responsável lembrou que Portugal foi um dos 190 governos que em 2000 que se comprometeram a incluir na agenda política o segundo objectivo dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU: alcançar a educação primária universal até 2015.

"Apesar de se ter registado uma evolução positiva, há ainda muito por fazer", frisou Margarida Alvim, lembrando que ainda há "72 milhões de crianças em todo o mundo que não tem acesso à educação e cerca de 800 milhões de analfabetos adultos".

Nesse sentido, a iniciativa pede ao Governo português para que "aumente a ajuda externa destinada à educação primária nos países pobres e que passe a contribuir financeiramente para a "Educação para Todos - Iniciativa Acelerada", explicou.

"No ano passado, dos 15 por cento da ajuda externa que Portugal se comprometeu destinar à educação, apenas 1,3 por cento foram investidas na educação primária nos países pobres", lamentou.

A Campanha Global pela Educação apelou ainda à Assembleia da República para que crie uma Subcomissão Parlamentar "que analise o papel que Portugal pode e deve assumir em termos de ajuda pública ao desenvolvimento para ser alcançado esse objectivo".

"O que é a educação?"; "O que é a exclusão?"; "O que falta fazer para que todos tenham acesso à educação?" foram algumas das questões que os alunos portugueses prepararam e que fizeram parte de um puzzle que os alunos construíram ao longo da aula.

Na construção do puzzle estiveram figuras políticas, como a deputada socialista Maria de Belém Roseira, e a vice-presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, Inês Rosa.

SK.

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