Alunos levantaram barricada e aguardam reunião com reitoria

Porto, 01 Abr (Lusa) - Os 24 alunos da Faculdade de Belas Artes do Porto que durante a madrugada e manhã se barricaram naquela universidade já terminaram o protesto e esperam ser recebidos, quinta-feira, na reitoria da Universidade do Porto.

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Segundo disse à agência Lusa Raul Ferreira, aluno da Faculdade de Letras (instituição que se solidarizou com o protesto dos alunos de Artes), a barricada foi levantada ao início da tarde.

"Às 14:00 abrimos as portas para termos uma reunião com professores e, depois da reunião, abrimos as portas por completo, mas não há aulas", afirmou.

De acordo com Raul Ferreira, no encontro com os professores - que garantem estarem a apoiá-los - foi aprovado "um conjunto de medidas para incluir numa moção a levar à reunião na reitoria".

Neste momento, os estudantes de Belas Artes estão reunidos na Aula Magana da faculdade "a debater o que se passou hoje, justificar-se aos alunos que foram apanhados de surpresa e definir as próximas manifestações e acções de mobilização".

Vinte e quatro alunos, dos cerca de 800, da Faculdade de Belas Artes do Porto estiveram barricados desde as 23:00 de terça-feira até ao início da tarde de hoje no interior daquela universidade em protesto contra o aumento das propinas, processo de Bolonha, "falta de condições" das instalações e défice de acção social.

Em declarações à agência Lusa Anabela Ferreira, aluna do 1º ano da licenciatura em Design de Comunicação disse que a faculdade foi fechada a cadeado durante a manhã.

De acordo com Anabela Ferreira, que falou durante a manhã, em causa estão várias questões que desagradam aos alunos, desde o processo de Bolonha, às propinas, sustentabilidade do ensino superior, acção social e falta de condições na faculdade.

"É impossível, no caso das Faculdades de Belas Artes e de Letras, que não vivem de projectos nem de maquetas, virem a ser auto-sustentáveis como se pretende", sustenta.

No que respeita ao apoio social, a aluna garante que "quem recorre ao apoio urgente para estudantes com dificuldades financeiras [criado pela Universidade do Porto para fazer face a situações críticas de alunos devido à actual situação de crise e desemprego] tem que esperar três meses para receber uma resposta".

"Há muitos alunos que estão a fazer apenas uma refeição por dia porque não têm dinheiro para se alimentarem", frisou.

Relativamente ao processo de Bolonha, Anabela Ferreira sustenta que ele leva a que os alunos saiam da universidade "sem estarem preparados, de todo, para o mercado de trabalho".

"Num semestre damos a matéria que era dada num ano lectivo", disse, sustentando que "estão a ser formadas pessoas à martelada".

Também na base do protesto dos estudantes está a reivindicação de "melhores condições para a faculdade, que não tem bar, nem reprografia", assim como a diminuição do preço das propinas.

"Está previsto que a Universidade do Porto passe a ser uma fundação, o que levará a um aumento das propinas dos actuais cerca de 970 euros para 1.300", afirmou a aluna, salientando que este valor "é incomportável para muitas famílias e alunos".

 

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