Álvaro Carvalho, psiquiatra da "equipa" da Casa Pia, não tem dúvidas de que jovens falam verdade

O psiquiatra Álvaro Carvalho, que integra a equipa de acompanhamento das vítimas da Casa Pia, diz que elas estão preparadas para o julgamento e que acredita "cem por cento nas crianças".

Agência LUSA /

"Não tenho dúvida nenhuma de que falam verdade", disse.

"Das (vítimas) que tenho seguido, não tenho dúvida nenhuma de que foram violadas, desde tenra idade, e que têm marcas se calhar irreversíveis, até físicas, comprovadas pelo Instituto de Medicina Lega, isso é óbvio", afirmou o especialista.

Álvaro Carvalho falava aos jornalistas no âmbito da cerimónia de abertura solene do ano lectivo da Casa Pia de Lisboa, no Colégio D.

Maria Pia, quando reafirmou a sua convicção de que os jovens estão a ser sinceros quando dizem que foram violados.

A dois dias do início do julgamento do processo Casa Pia, Álvaro Carvalho disse que há junto das vítimas "um estado de espírito de grande instabilidade, muita ansiedade, inquietação e turbulência", mas que "as crianças estão preparadas".

Os jovens, acrescentou, passaram por "reacções de desespero" quando alguns dos alegados envolvidos nas violações foram despronunciados.

Ao longo do processo muitos "disseram que queriam desaparecer" e que não acreditavam na justiça, acrescentou o psiquiatra, que considerou normal que alguns deles necessitem de apoio dos médicos, nomeadamente os que decidiram "dar a cara".

Quanto ao confronto directo com os alegados abusadores, disse Álvaro Carvalho que ele pode ser "terapêutico e importante", embora na prática possam acontecer reacções das mais diversas.

"É preciso ter presente que estas crianças foram ameaçadas de morte, quer antes, quer depois do processo", frisou o responsável, esclarecendo que desconhece que tenham existido ameaças nos últimos tempos mas referindo que elas aconteceram: "pressões telefónicas, ameaças de morte, carros que circulavam" por onde as vítimas estavam.

Actualmente, concluiu, "há uma pressão difusa".


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