Anúncio de que urgências do Hospital de Valongo fecham dia 15 endurece ação de luta

Valongo, 11 jul (Lusa) - A urgência básica do hospital de Valongo vai encerrar no dia 15 de julho, disse hoje a câmara deste concelho e funcionários desta unidade hospitalar, prometendo continuar a "lutar" para "reverter" o que consideram ser "a eutanásia" da saúde.

Lusa /

O presidente da câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, participava com cerca de duas centenas de pessoas num protesto marcado para a frente do hospital de Valongo, ação essa marcada antes de ser conhecida uma carta que hoje chegou à câmara deste concelho.

No documento, ao qual a Lusa teve acesso, lê-se que "este plano [Plano Estratégico do Centro Hospitalar de São João para o Polo de Valongo], cuja aplicação se reiniciará no dia 15 de julho de 2014, inclui o encerramento da urgência básica".

A carta tem data de 10 de julho mas terá chegado à autarquia de Valongo esta manhã, tendo sido remetida pelo Centro Hospitalar de São João, que tem sede no Porto, no qual está integrado o Hospital de Valongo.

"A câmara é contra o fecho da urgência em Valongo. Já era anteriormente e continua a ser agora. Eu não concordo com esta política de em nome da racionalização se fecharem serviços de proximidade. Fomos confrontados hoje com esse anúncio e só tinha um caminho, que era estar aqui e ser solidário com esta e com outras manifestações", defendeu José Manuel Ribeiro

Esta unidade, estima a comissão de utentes - que agendou para hoje um protesto contra o possível encerramento das urgências e, na própria manifestação ficou a saber que já existe data definida para esse encerramento -, serve cerca de 150 mil utentes por ano e abrange o concelho de Valongo (freguesias de Valongo, Campo e Sobrado, principalmente), algumas freguesias de Gondomar (S. Pedro da Cova) e Paredes (Gandra).

Também alguns funcionários do hospital contaram ter recebido, hoje de manhã, uma visita de uma responsável do São João: "A diretora de enfermagem veio cá e disse pessoalmente que a urgência vai fechar", contou o técnico de radiologia, Nuno Monteiro, funcionário deste hospital há vinte anos.

O coro de protestos endureceu quando chegou a informação de que o fecho já tem data oficial - 15 de julho - ouvindo-se "a saúde é um direito, sem ela nada feito" ou "Tempo é vida, não fechem as urgências".

Também o presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova, Daniel Vieira, marcou presença nesta ação. O autarca disse ter "esperança" que esta decisão "ainda possa reverter-se" e lamentou que a mesma chegue numa altura "de profundos constrangimentos para as famílias e enquanto proliferam as unidades de saúde privadas".

Pela Comissão de Utentes, também, Joaquim Delgado acusou "os responsáveis pela saúde em Portugal de estarem a encerrar estar urgências por razões economicistas": "Está aqui perto o novo hospital privado de Alfena [freguesia de Valongo]. Nós vamos manter a pressão. Não nos conformamos", disse.

Padecendo de problemas de coluna e mãe de dois filhos, um de 12 e outro de 18, Lucília Carvalho, residente em Valongo, diz ser utente das urgências do Hospital de Valongo, contando que marcava presença no protesto porque a alternativa a este serviço é "muito difícil".

"Estas urgências farão muita falta. Ainda tenho esperança de que olhem por nós e mudem de opinião", disse a utente que, em alternativa terá de recorrer às urgências do hospital de São João, no Porto, que lhe fica, segundo disse, "a cerca de três quartos de hora de viagem de autocarro, numa carreira que passa em espaços muito grandes de tempo".

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