Aos 100 anos. Faleceu a pianista, escritora e activista anticolonial Edila Gaitonde

por RTP
Nuno Patrício

Poucos dias antes do seu centenário, Edila Gaitonde concedeu à RTP a sua última entrevista, com memória e lucidez invejáveis. Escassos meses depois faleceu na sua casa, em Leça da Palmeira. Deixa vários livros publicados e também uma obra notável como pedagoga e como pianista.

Nascida em 3 de novembro de 1920, Edila Gaitonde teve uma infância tranquila, não prenunciava um século inteiro de vida agitada. Veio para Lisboa seguindo a sua vocação e um comprovado talento de pianista, e tornou-se uma activista anticolonial, especialmente envolvida na causa da libertação de Goa, Damão e Diu. 

Viveu em Goa com o marido, o médico indiano Pundalik Gaitonde, onde fundou uma escola de música conceituada internacionalmente. Acompanou depois o marido na deportação deste para Lisboa, onde foi julgado e ficou preso. Quando Gaitonde foi libertado, foram ambos para Londres e daí, a convite do Governo indiano, para Bombaim. Pundalik Gaitonde foi durante algum tempo um influente  conselheiro do Governo de Nehru.

Algum tempo depois da tomada de Goa, Damão e Diu pela União Indiana, Edila foi retomar em Londres a sua actividade como professora de música. Aí se lhe foi reunir o marido, que fez carreira como reputado oncologista. Ambos viveram em Londres até à morte de Pundalik Gaitonde.

Sobre a sua vida, Edila conversou longamente com uma equipa de reportagem da RTP poucos dias antes de comemorar, com presenças virtuais de amigos de todo o mundo, o seu centenário.



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