Arguidos entraram em contradições e foram confrontados pelo juiz

Os dois arguidos acusados do homicídio do agent e da PSP Irineu Diniz entraram hoje em contradição na primeira sessão do julgame nto, o que levou o tribunal a confrontá-los com as declarações proferidas.

Agência LUSA /

O colectivo de juízes, presidido por Fernando Ventura, decidiu logo na abertura do julgamento ouvir em separado os dois arguidos, alegando a gravidade dos factos e já que estes têm uma relação de conhecimento mútuo, proibiu-os de q ualquer contacto, nomeadamente à hora do almoço, enquanto decorrer o julgamento, no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa.

No início da sessão da tarde, os dois arguidos - Euclides Tavares, de 2 1 anos, e Luís Carlos Santos, de 41 - confessaram que falaram através de uma par ede à hora do almoço, negando, contudo, ter comentado os factos de que são acusa dos, o que levou o juiz a exigir segurança reforçada para os dois acusados.

Depois de ouvidos em separado os dois arguidos, os juízes aperceberam-s e de muitas contradições, nomeadamente em relação às chamadas telefónicas feitas por Euclides Tavares para Luís Carlos Santos na madrugada de 16 para 17 e no di a 17 de Fevereiro de 2005.

Luís Carlos Santos negou ter recebido essas chamadas e disse não lhe pe rtencer um número de telemóvel com que foi confrontado.

Perante isso, o colectivo de juízes colocou os dois lado a lado na mesm a sala, confrontando-os com as contradições.

Luís Carlos Santos negou que o número de telemóvel para o qual Euclides ligou pelo menos cinco vezes na madrugada e no dia 17 de Fevereiro, no dia em q ue foi morto o agente, lhe pertença ou a alguém da sua família.

O arguido disse ainda "nunca ter utilizado nenhuma arma, nem caçadeira, nem espingarda" e que na noite em que o agente foi morto quando foram disparado s mais de 25 tiros não ouviu nada.

"Nem sequer estive no bairro (da Cova da Moura). Estava na Pontinha com amigos", alegou.

Ambos os arguidos confirmaram, no entanto, terem ido cerca das 04:30 nu m Opel Corsa branco conduzido por Natalino Jesus Varela Martins, de alcunha "Boi tas", levar a mãe de Euclides à praça de táxis, porque esta ia viajar para a Hol anda.

O arguido Euclides Gonçalves Tavares é acusado de um crime de homicídio qualificado em co-autoria e na forma consumada, um crime de homicídio qualifica do em co-autoria e na forma tentada, um crime de detenção ilegal de arma de caça em autoria material e na forma consumada, e um crime de dano em co-autoria e na forma consumada.

O arguido Luís Carlos Santos é acusado de um crime de homicídio qualifi cado em co-autoria e na forma consumada, um crime de homicídio qualificado em co -autoria e na forma tentada, um crime de detenção e uso de arma proibida em auto ria material e na forma consumada, e um crime de dano em co-autoria e na forma c onsumada.

Luís Carlos Santos saiu com licença precária a 22 de Dezembro de 2004 d o Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, aonde não regressou no prazo prev isto, tendo sido recapturado em Março de 2005. Cumpria uma pena de 12 anos de pr isão.

Ambos encontram-se em prisão preventiva, o primeiro em Caxias e o outro em Vale de Judeus.

O colectivo de juízes ouviu também hoje brevemente o outro agente da PS P que ficou ferido no incidente, Nuno Miguel Saramago, que devido a este facto e steve 45 dias com "baixa" psicológica e foi transferido para o Comando de Santar ém.

A próxima sessão do julgamento está marcada para o próximo dia 21.

O agente da PSP Irineu Jesus Gil Diniz, de 33 anos, foi morto com vário s tiros de arma automática e de caçadeira na madrugada de 17 de Fevereiro do ano passado, quando seguia num carro patrulha da PSP que circulava no Bairro da Cov a da Moura, concelho da Amadora.

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