Falando no colóquio "25.000 anos de arte rupestre do Vale do Côa - 10 anos de investigação", o responsável defendeu que existem "as mesmas motivações e traços dos artistas do Paleolítico que as praticadas na actualidade".

"No Vale do Côa trabalharam possivelmente os melhores artistas do tempo na Península Ibérica, não há esboços, há arte pura, há rochas em que se pode reconhecer a mão de grandes artistas", sublinhou o arqueólogo.

Martinho Baptista considerou que existe "evidência arqueológica na arte rupestre do Vale do Côa", numa rocha gravada no sítio do Fariseu, submersa pela albufeira da barragem do Pocinho, onde é possível encontrar 84 figuras, o que "é raro aparecer com sedimentos arqueológicos".

O director do CNART revelou que "pela primeira vez foi possível encontrar arte móvel numa pedra decorada com gravuras correspondentes ao último período da Arte do Côa".

Martinho Baptista explicou que no Vale do Côa existem dois "santuários paleolíticos que se sobrepõem, um mais antigo que evolui para o mais recente, correspondentes entre 25 mil e 10 mil anos".

Segundo o mesmo responsável é possível criar outro "santuário", envolvendo as gravuras da Quinta da Barca (ainda não aberta ao público) e a Penascosa, que na sua opinião estão ligadas por um percurso que outrora era seguido pelo Homem Paleolítico.

O director do CNART recordou que, aquando da polémica sobre a suspensão da construção da barragem do Côa para preservar as gravuras, chegou a ser sugerido que os painéis de xisto gravados pudessem ser cortados e retirados do local.

"Se tal acontecesse perdia-se o aspecto da arte e a sua envolvência", sublinhou.

Martinho Batista é da opinião que no caso das gravuras paleolíticas do Vale do Côa "para além da ritualização, houve uma grande criação artística, com representações de cavalos, auroques, veados e cabras".