Árvore caiu no Castelo de Leiria e revelou esqueleto humano
Leiria, 30 jan (Lusa) - A queda de uma árvore de grandes dimensões junto à igreja de Nossa Senhora da Pena, no interior das muralhas do castelo de Leiria, revelou um esqueleto humano, que deverá ter vários séculos, anunciou hoje a autarquia.
Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, a Câmara Municipal de Leiria afirma que o esqueleto estava "em posição vertical, preso nas raízes da árvore" que tombou durante o temporal de 19 de janeiro.
De acordo com o documento, a equipa de arqueologia do município de Leiria, após "observação cuidada" das raízes e da abertura no solo - com cerca de três metros de diâmetro - provocada pela queda da árvore "constatou a presença de vestígios de um indivíduo adulto, enterrado deitado de costas e segundo os ritos canónicos cristãos".
Foram ainda recolhidos no local pregos em ferro, tachas de bronze e botões em osso, "possivelmente associados ao enterramento", acrescente a autarquia.
Adianta que as condições do achado, nomeadamente a posição vertical das ossadas, "o seu deslocamento e posterior reposicionamento", condicionaram uma escavação arqueológica tradicional, já que o "contexto" do enterramento do corpo foi destruído.
A autarquia de Leiria comunicou o achado à Direção Regional de Cultura do Centro, "bem como as características insólitas do mesmo", tendo as ossadas sido removidas "de emergência" já que, esclarece a nota, os ossos visíveis "se encontravam expostos, em risco de queda e sujeitos a forte precipitação".
A Câmara Municipal lembra que escavações arqueológicas realizadas em 2012 revelaram a existência de uma necrópole medieval "bem preservada" no adro da igreja da Pena, tendo sido identificadas "sepulturas estruturadas, delimitadas por lajes de pedra e/ou ladrilhos cerâmicos e com tampa em lajes de calcário".
Na mesma altura foi identificado, no interior da igreja, um esqueleto de um adulto.
Já outras sondagens, realizadas em 2011, demonstraram a existência de "diferentes fases de ocupação, com construções sucessivas" desde a Baixa Idade Média [séculos XI a XV] até à época moderna, na área da colegiada da igreja.
Nessas sondagens foi recolhida "uma grande quantidade de espólio cerâmico, moedas, escória e metal", mas não se identificaram "quaisquer sepulturas" ou esqueletos humanos.
No entanto, a autarquia frisa que com os dados relevados pelo "achado fortuito" do esqueleto na sequência da queda da árvore devido ao temporal de 19 de janeiro aquela área "foi também usada como espaço de enterramento humano".