A associação Causa Pública, criada por um grupo de pessoas de várias origens da esquerda, lançou-se hoje para pensar e propor políticas progressistas, de futuro e não de quotidiano, assegurando independência em relação a todos os partidos.
Em declarações à agência Lusa, o sociólogo e antigo ministro Paulo Pedroso -- que juntamente com a deputada do PS Alexandra Leitão ou antiga deputada do BE Ana Drago integram a comissão instaladora -- disse que a ideia surgiu de "um grupo de pessoas vindas de várias origens à esquerda" que considerou ser preciso "desenvolver uma agenda política progressista", tendo como objetivo "fazer propostas de políticas concretas numa perspetiva de futuro".
"A nossa grande preocupação é de propor para o futuro, alargando o espaço para o debate na sociedade portuguesa entre perspetivas. Não é uma associação virada para a política quotidiana, é uma associação virada para as políticas de futuro", referiu.
O objetivo da Causa Pública é que o trabalho desenvolvido nas várias áreas "possa depois ser disponibilizado a todos aqueles que na sociedade portuguesa queiram refletir ou agir" para que as medidas possam vir a ser implementadas.
Com a assembleia geral fundadora prevista para o fim de setembro, Paulo Pedroso assinalou que "este grupo não nasce de nenhum partido, para nenhum partido, nem contra nenhum partido", afastando qualquer relação com a atual maioria absoluta do PS.
"Isto não é nem apoiante nem crítico da maioria absoluta e deste Governo. É um espaço para o desenvolvimento de agendas que possam ser incorporadas por qualquer forma de governo à esquerda, é um serviço à cidadania, independente da existência ou não de uma maioria absoluta. A maioria absoluta não é fator catalisador, nem positiva nem negativamente, desta reflexão", assegurou.
Questionado sobre se a `geringonça` esteve na base da ideia, o antigo militante do PS considerou que essa experiência "merece avaliação".
"É que não basta que haja o encontro das vontades políticas, é importante que esse encontro de vontades políticas resulte de agendas que foram antecipadas, pensadas, negociadas e é exatamente nessa antecipação e pensamento das agendas que nós procuramos intervir", considerou.
Segundo Paulo Pedroso, em Portugal "o espaço conservador e o espaço liberal de algum modo já se organizaram nesse sentido", dando como exemplo a Sedes ou +Liberdade.
"Aquele que nós entendemos ser o espaço progressista não tem hoje um `think tank` de referência. O nosso projeto, a nossa ambição é vir a ser esse `think tank` de referência, tendo cobertura nacional, tendo várias origens académicas e procurando produzir propostas que depois os atores políticos poderão, se assim o entenderem, retomar ou tomar ou não, e por essa via, ampliando o espaço da cidadania no país", explicou.
Sobre as áreas em relação às quais pretendem produzir conhecimento, o membro da comissão instaladora da Causa Pública explicou que este é um trabalho em desenvolvimento, mas que "há uma grande preocupação com o Estado de direito e qualidade da democracia, com os desafios climáticos e a transição justa, com o modelo económico e de desenvolvimento, com a coesão social e uma atenção específica à saúde e ainda às políticas culturais".
"Só teremos a assembleia geral fundadora no fim de Setembro, mas estas são as áreas em que as pessoas que já se reconhecem na associação têm vindo a chamar a atenção e são, muito provavelmente, o núcleo essencial das áreas em que nós vamos organizar desde o início", explicou.