Associação de cooperação com Guiné-Bissau vai construir maternidade em Cacheu

Viana do Castelo, 13 Mar (Lusa) - A Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau, com sede de Viana do Castelo, vai avançar com a construção de uma pequena maternidade em Cacheu, naquele país africano, disse hoje à Lusa o presidente daquele organismo.

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José Carvalhido da Ponte acrescentou que, paralelamente, a associação vai igualmente promover obras de recuperação do centro de saúde de Cacheu, estando as duas empreitadas avaliadas em cerca de 120 mil euros.

"No entanto, nós apenas precisaremos de uns 40 mil euros, porque muitas das tarefas de carpintaria, serralharia e electricidade serão asseguradas, de forma gratuita, por alguns profissionais que já se dispuseram a oferecer a sua mão-de-obra", frisou Carvalhido da Ponte.

Na sexta-feira, a Câmara de Viana do Castelo vai deliberar a atribuição de um apoio à associação, expressamente para a construção da maternidade de Cacheu.

Segundo Carvalhido da Ponte, o projecto da maternidade já está devidamente aprovado, pelo que a obra poderá arrancar logo que o financiamento esteja garantido.

Para o apetrechamento da maternidade e do centro de saúde, bem como de quatro escolas de Cacheu, a associação de cooperação tem já prometidos 450 mil euros da Fundação Internacional de Rotários.

A Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau foi criada há uma década em Viana do Castelo, cidade geminada com Cacheu, num "casamento" que em Novembro completa 20 anos.

Em Viana do Castelo, a organização integra a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, Amigos do Mar, Associação de Técnicos de Turismo, Câmara Municipal, Escola Secundária de Monserrate e Escola Superior de Educação.

Da parte da Guiné-Bissau, os "cooperantes" são o Conselho Nacional da Juventude, Associação dos Filhos e Amigos do Sector de Cacheu e a Associação de Jovens para o Desenvolvimento de Cacheu.

Em Novembro de 2005, a associação apresentou o seu "plano de actividades" até 2011, onde figura, como prioritário, o sector da saúde, por ser "o mais problemático" em Cacheu.

Neste sector, e além da construção de uma maternidade e da recuperação do centro de saúde local, destaca-se ainda a recolha de material médico e medicamentoso e equipamento hospitalar para enviar para aquela cidade guineense, de acordo com a lista de carências elaborada pelos respectivos serviços de saúde.

O despiste oftalmológico e a oferta de óculos aos técnicos de saúde, "que já começam a ter alguns problemas em trabalhar por falta de visão", são outras das apostas da associação, que promete ainda apoio nas campanhas de vacinação e no combate à subnutrição.

Carvalhido da Ponte lançou em 2006 a obra "Ora di djunta mon tchiga", em tradução livre para português "É a hora de darmos as mãos", com todas as verbas da venda a reverter para a obra da maternidade.

O programa de acção da associação, genericamente intitulado "Viana-Cacheu: construir um abraço", privilegiará também o sector da Educação, estando prevista a recuperação de três escolas, a recolha de material didáctico, a formação de professores e o incentivo da aprendizagem da língua portuguesa, designadamente com a criação de um prémio literário.

A associação está ainda empenhada em dinamizar aquilo a que chama turismo pedagógico-cultural, assegurando o alojamento em Cacheu dos interessados, desde que estes, como contrapartida, ofereçam aos guineenses serviços didácticos, nomeadamente acções de formação em diversas áreas.

A "cereja em cima do bolo" do plano de acção da associação para os próximos anos será a criação do Centro de Cooperação de Cacheu, que integrará um pequeno espaço de acolhimento ao cooperante, com capacidade para cinco a seis pessoas, e a Casa dos Povos, um espaço polivalente onde as duas cidades geminadas poderão mostrar a sua história, etnografia e artesanato.

Este Centro de Cooperação ficará contíguo ao Centro de Recursos, também criado pela associação e onde funciona uma biblioteca, com cerca de mil livros, já frequentada por 2.000 utilizadores, o que representa um terço da população de Cacheu.

A associação já descarregou em Cacheu mais de 10 toneladas de bens de primeira necessidade, incluindo material didáctico, roupa e medicamentos, tendo também oferecido um parque infantil e recuperado um jardim infantil.

VCP.

Lusa/Fim


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