Associação de Protecção Civil critica envio de "Canarinhos"
A Associação de Protecção Civil SUSF lançou fortes críticas à decisão de incluir a Força Especial de Bombeiros "Canarinhos" na equipa de ajuda humanitária portuguesa para o Haiti. A associação fala em falta de preparação para este tipo de missões, dizendo que o Estado Português está a colocar "em risco acrescido" a vida dos membros da missão que ontem partiu para o país abalado por um sismo devastador.
Este responsável explicou que cabe aos portugueses a missão de "instalar um campo de deslocados no Haiti e os Canarinhos não têm qualquer formação, nem estão equipados para tal".
João Saraiva entende que aquela unidade dos bombeiros "não está equipada nem preparada para uma missão desta natureza", o que representa "risco acrescido de vida para todos os portugueses" que rumaram ao Haiti. No seu lugar, defende o presidente da SUSF que deveriam ter sido integrados no corpo português elementos do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, "preparados não só para a manutenção da ordem pública, bem como para actuar em cenários de catástrofe".
A missão lusa que se encontra nos Barbados à espera de autorização para aterrar no aeroporto internacional da capital haitiana Port-au-Prince integra um grupo do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) para a área de emergência médica, acções de socorrismo e de pequena cirurgia, a Força Especial de Bombeiros ("Canarinhos"), para a montagem, organização e funcionamento do campo, uma representante do Instituto de Medicina Legal, com funções relacionados com medicina forense, e por uma equipa da AMI (Assistência Médica Internacional) constituída por cinco elementos.
Para o presidente da Associação de Protecção Civil, a equipa deveria ter incluído elementos do GIPS da GNR, Unidade Cinótécnica de Resgate do Regimento Sapadores de Bombeiros de Lisboa, INEM e INEM.
Ajuda portuguesa aguarda nos Barbados
O Hércules C-130 da Força Aérea Portuguesa que leva a bordo ajuda humanitária portuguesa chegou durante a madrugada (5:00 de Lisboa) a Bridgetown e é aí, na capital dos Barbados, que se prepara para rumar ao aeroporto de Port-au-Prince, capital do Haiti.
De acordo com as últimas indicações de Elísio Oliveira, coordenador da missão, a equipa portuguesa descola por volta das 19:30 (hora de Lisboa) rumo ao Haiti, com chegada prevista à meia-noite (hora de Lisboa), adiantou hoje o coordenador da missão."Chegados lá vamos ter de estabelecer contactos com o centro de coordenação das Nações Unidas para receber informações", adiantou o chefe da equipa de 30 elementos, que terá como missão montar em Port-au-Prince um campo para alojamento de emergência e intervenção médica.
Na segunda-feira sai de Lisboa mais um avião com ajuda humanitária, tendas e equipamento para a intervenção médica do INEM.
Ajuda humanitária condicionada à chegada ao Haiti
Com a sobrelotação de voos com destino ao Haiti, a situação é pouco menos do que caótica no aeroporto da capital, agora entregue ao controlo das tropas norte-americanas, na sequência de um acordo entre as autoridades haitianas e Washington.
"A falta de autorização para aterrar no aeroporto impediu a chegada de um hospital de campanha dos MSF", lamentou a organização, que necessita com urgência daquela estrutura "crucial" para assistir as vítimas do sismo.