Aulas arrancam ainda sem todos os professores colocados
Mais de um milhão de alunos começam esta quinta-feira a regressar às aulas para um ano letivo que arranca ainda sem todos os professores colocados. Os sindicatos lançam críticas ao governo.
O arranque do ano letivo acontece até segunda-feira, mas muitas escolas abrem já hoje os portões para começar a receber os alunos.
A falta de professores volta a marcar o regresso às aulas, numa altura em que milhares de estudantes não têm professor atribuído a, pelo menos, uma disciplina.
Segundo o ministro da Educação, Ciência e Inovação, em pelo menos 98% das escolas os alunos terão aulas a todas as disciplinas, mas existem ainda cerca de mil horários completos por preencher.
O número de alunos sem todas as disciplinas ainda não foi contabilizado, mas, em entrevista à Antena 1, na quarta-feira, Fernando Alexandre garantiu que as necessidades das escolas "são muito inferiores" aos professores ainda não colocados.
Há "mais de 20 mil professores profissionalizados não colocados", disse o responsável do governo, reconhecendo que a maioria vive no norte do país e as necessidades são essencialmente nas zonas de Lisboa, Alentejo e Algarve, onde os custos da habitação e de deslocação são incomportáveis.
Entretanto, o Governo abriu um concurso extraordinário com quase 1.800 vagas para fixar docentes nas zonas com maior carência, mas os resultados só serão conhecidos depois do início das aulas.
A FENPROF e a FNE criticam a entrevista de Fernando Alexandre à Antena 1, afirmando que, uma vez mais, o ano letivo vai arrancar com milhares de alunos sem professores.
A FNE lembra que os problemas de distribuição dos professores já vêm de longe e que houve vários alertas nesse sentido e deixa avisos para o futuro em zonas carenciadas de recursos.Também o S.T.O.P. deixa críticas ao governo e à ideia que não faltam professores. "É uma declaração surpreendente", afirma Daniel Martins, lembrando que na última década o sistema perdeu 10 a 15 mil professores, porque a profissão não é atrativa e porque as deslocações se tornam incomportáveis.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Pública pede incentivos para que professores do norte do país ,se mudem para as zonas mais carenciadas.
Falta de mediadores linguísticos e culturais
Além dos professores, as escolas confrontam-se, este ano, também com a falta de mediadores linguísticos e culturais para apoiar à integração dos alunos imigrantes.
Depois de, no ano letivo passado, terem contratado mais de duas centenas de mediadores já durante o 2.º período, as escolas vão poder reforçar-se com mais profissionais, mas esse recrutamento ainda está a decorrer.
Nos dois últimos anos letivos as escolas viram duplicar o número de alunos estrangeiros - que são agora mais de 140 mil.
Mesmo aquelas que já contavam com o apoio de mediadores vão ter de realizar novas contratações, uma vez que não foi possível renovar os contratos que terminaram em agosto, lamentou, na quarta-feira, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, em declarações ao Lusa Extra, podcast da agência Lusa que será divulgado na sexta-feira.
Já do lado dos professores, o novo ano começa com a expectativa da muito antecipada revisão do Estatuto da Carreira Docente. O processo negocial não chegou a começar, devido à queda do primeiro Governo de Montenegro.
c/Lusa