O presidente da Câmara da Ribeira Brava alertou hoje que nada vai ficar como antes devido ao incêndio que ainda lavra na Madeira, defendendo um reforço de meios para zonas sensíveis e a replantação com espécies mais resistentes.
"Uma coisa é certa. Com este incêndio todos perdemos. Ninguém pense que vai ficar como era antes. Nós todos perdemos. Ver terra tão queimada e terra tão cinzenta em zonas conhecidas pela beleza, enquanto, automaticamente, há pessoas que perderam animais, palheiros", disse à agência Lusa o autarca do município, Ricardo Nascimento (independente).
O incêndio rural, que já consumiu mais de 5.000 hectares na lha da Madeira, deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
Nascimento adiantou que está a ser feito o levantamento dos prejuízos para "ver algumas possíveis ajudas", mas avisa que "é impossível ajudar todos".
"Os grandes prejuízos são em palheiros e armazéns agrícolas que se queimaram, animais que morreram, tubagens de rega, algumas colmeias. Em outros casos, as colmeias não foram [destruídas], mas está tudo queimado à volta. É preciso ver a questão da alimentação das abelhas e também algumas culturas", explicou.
O presidente do Câmara Municipal da Ribeira Brava defendeu que é "preciso pensar" na "forma de tentar extinguir" o fogo o "mais rapidamente possível" em sítios "onde já é característico existirem incêndios".
"Temos um caso que é a zona da Trompica, onde de vez em quando há alguém que incendeia e põe lume. Neste caso, [o fogo] até chegou lá devido ao lume que saiu da Serra de Água, mas a realidade é que ao chegar lá alastrou-se para o concelho vizinho, Câmara de Lobos, e voltou para trás para a Serra de Água", afirmou.
Ricardo Nascimento pediu, por isso, um reforço de meios de combate ao incêndio para o concelho que tem mais de 6.000 habitantes.
"É preciso ver, em termos de melhoria de meios, aquela zona florestal da Trompica de modo a melhorar os meios de combate ao incêndio", reforçou.
O autarca advogou a necessidade de replantar as florestas com espécies mais resistentes ao fogo, como o caso da urze, em detrimento de eucaliptos ou acácias.
"Há situações em que podemos aproveitar as zonas que estão queimadas e que não servem neste momento para plantações de produtos alimentares e tentar substituir por plantas que sejam resistentes ao lume", salientou.
O presidente do município da Ribeira Brava revelou também que a autarquia está articular com o Governo Regional e o Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza a replantação da Serra de Água.
"Temos de ir mudando aos poucos o cinzento que se alastrou na zona da Serra de Água, que sendo o vale mais bonito da Europa, neste momento está cinzento", observou.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou a 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Hoje de manhã, ao 11.º dia, a Proteção Civil regional indicou que está controlado e que os operacionais se mantêm no terreno em operações de rescaldo, controlando alguns pontos quentes.