Autarcas e empresários estão frustrados com pagamento de portagens nas SCUT
Covilhã, Castelo Branco, 08 dez (Lusa) - Autarcas e empresários estão frustrados por não terem conseguido evitar a criação de portagens nas autoestradas do interior e temem as consequências do agravamento da situação financeira de empresas e famílias.
Desde a meia-noite de hoje começaram a ser cobradas portagens nas autoestradas do Algarve (A22), da Beira Interior (A23), no Interior Norte (A24) e da Beira Litoral e Alta (A25).
Luís Veiga, porta-voz do movimento Empresário pela Subsistência do Interior confessou à Agência Lusa sentir "uma grande frustração" que acredita estender-se "a toda a população que sempre viu estas autoestradas como vias de trabalho", comparando-as à "Segunda Circular ou Eixo Norte-Sul" de Lisboa.
Agora, "todo o centro de Portugal esta rodeado de portagens e esta vai ser a região mais penalizada", com "o preço por quilómetro mais caro do país e provavelmente da Península Ibérica", na casa dos nove cêntimos.
O empresário destaca que todos os indicadores sócio-económicos mostram o interior cada vez mais pobre e desertificado que o litoral, considerando "insultuoso para quem aqui investe que não tenha sido feita uma ponderação" no preço das portagens.
Para Luís Veiga, "não há explicação, por mais plausível que seja, que permita compreender isso", defendendo que o mesmo tipo de redução já devia ter sido aplicado nas autoestradas do Norte e deveria existir também no Algarve.
Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, receia que caia por terra a aposta numa rede de museus que tem captado turistas desde que a autoestrada da Beira Interior (A23) gratuita desencravou o concelho há 10 anos.
O município enveredou por uma estratégia de turismo cultural que considera "muito bem sucedida", graças a espaços como o Museu Judaico de Belmonte ou o Museu à Descoberta do Novo Mundo, que recria a descoberta do Brasil.
Mas os trunfos de ser terra de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, ou acolher uma das mais antigas comunidades judaicas da Europa, "são claramente prejudicados".
O problema "é que há empresas que vivem disso e uma redução de turistas vai refletir-se nessas economias que dão muitos postos de trabalho", destaca.
Mesmo para quem vive na Beira Interior, a A23 representava "mobilidade facilitada e permitia a muitas pessoas trabalhassem noutros concelhos" entre a Guarda e Castelo Branco.
Agora, "estas medidas estapafúrdias vêm por tudo em causa: as portagens são como dar muitos passos atrás em matéria de desenvolvimento", conclui.