Avisos de interdição na praia de Matosinhos só 6 dias depois de início da época

A placa indicativa de que a praia de Matosinhos, no Porto, está interdita a banhos só deverá ser hoje colocada, seis dias depois do início da época balnear.

Agência LUSA /

A garantia de que a placa será colocada "ainda hoje" foi dada à agência Lusa por fonte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional da Região Norte (CCDR-N).

Junto à placa será colocada também informação do Centro Regional de Saúde Pública do Norte que explica as razões técnicas da interdição, adiantou a fonte da CCDR-N.

Esta informação surge no mesmo dia em que a associação ambientalista Quercus aconselhou os banhistas, que insistem em frequentar a praia de Matosinhos, Porto, a estarem atentos às análises periódicas da qualidade da água, apesar destas terem melhorado ultimamente.

"As análises deverão estar sempre expostas no local", frisou o dirigente ambientalista Francisco Ferreira, em declarações à agência Lusa.

A praia de Matosinhos, contígua à zona ocidental da cidade do Porto, foi recentemente considerada uma das 13 do país com pior qualidade e está interdita à prática balnear desde 15 de Junho de 2004 pelo Centro Regional de Saúde Pública do Norte.

Apesar desta interdição, os banhistas insistem em frequentá-la em grande número, uns por alegado desconhecimento, outros porque preferem arriscar em vez de se deslocarem para praias mais afastadas.

Francisco Ferreira considerou que apesar das últimas três análises efectuadas pelo Instituto da Água (INAG) apontarem para uma qualidade "aceitável" (durante três semanas consecutivas entre os dias 15 de Maio e 4 de Junho), "é preciso ter em atenção o historial da praia".

Nos termos legais, cabe ao Centro Regional de Saúde Pública do Norte, decidir, em função das análises, quando é que uma praia deve ser interditada.

A coordenadora do centro regional Delfina Antunes, explicou que a interdição é comunicada à Direcção-Geral de Saúde, "para efeitos técnicos", e à CCDR-N, para colocação do aviso de interdição.

Ainda nos termos da lei, compete depois à Polícia Marítima garantir que as placas não são retiradas do local, acrescentou a responsável.

Questionada sobre a possibilidade de retirar a interdição, depois de análises que confirmam uma qualidade "aceitável" da água, Delfina Antunes referiu que é necessário ter em atenção "o historial analítico pesado" da praia de Matosinhos.

De acordo com os dados do INAG, a praia de Matosinhos apresentou entre 2003 e 2005 "qualidade má", sendo uma das 13 do país com esta classificação, à semelhança da de Angeiras Norte, no mesmo concelho.

Indiferentes ao historial desta praia, dezenas de banhistas aproveitavam segunda-feira à tarde o tempo junto ao mar.

A esmagadora maioria dos banhistas contactados nesse dia pela agencia Lusa desconhecia inteiramente a proibição, como acontecia com Miguel Castro Feijó, residente em Matosinhos, comercial do ramo automóvel, que tomava banho com as suas duas filhas, de três e seis anos.

Vários cidadãos estrangeiros contactados também ignoravam totalmente a interdição, caso de Daniel, um estudante polaco Ciências Computação de Lodz, perto de Varsóvia, em Portugal no âmbito do programa europeu Erasmus, que passeava à beira-mar.

"Se soubesse, garanto-lhe não estava aqui a molhar os pés", assegurou.

O mesmo acontecia com um grupo de quatro estudantes Erasmus espanhóis, que tinham todos tomado banho e não esconderam a sua surpresa por não haver qualquer informação na praia a dar conta da proibição de tomar banho.

A única pessoa encontrada na praia que sabia da interdição era Domingos Cardoso Ferreira, engenheiro, residente nas imediações, que passeava com o seu cão à beira-mar e que a frequenta muitas vezes porque fica perto de casa.

"Mas nunca tomo banho porque sei há mais de 50 anos que esta praia não tem condições, o que é uma pena porque está muito bem situada, é bonita, tem bons apoios de praia e um mar calmo [por causa da protecção do molhe do porto de Leixões] e ainda porque foi aqui que passei os Verões da minha infância", disse, acrescentando que "é inadmissível que esta situação perdure há tanto tempo".

A Quercus recomenda aos banhistas para, apesar dos últimos dados apontarem para uma melhoria da qualidade das águas das praias de Matosinhos, se manterem "atentos" aos resultados desta zona balnear, que devem estar publicados na própria praia e deverão ter uma validade máxima de 15 dias.

A qualidade da água desta e de todas as outras praias do país está disponível no `site` www.vivapraia.com, ou no site do Instituto da Água, com dados mais actualizados.

Na semana passada o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, contestou a classificação atribuída pela Quercus à praia local, afirmando que as últimas análises do INAG revelam uma qualidade "aceitável" na praia de Matosinhos [na zona Sul da cidade].

Reconheceu, no entanto, que a praia de Matosinhos tem problemas em termos de qualidade, "devido a focos de poluição vindos de sul, nomeadamente do rio Douro e da zona da Foz do Porto".


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