Barulho automóvel ultrapassa os limites recomendados pela OMS
O barulho automóvel produzido na Ponte 25 de Abril, auto-estrada do Sul e Via Rápida da Costa de Caparica ultrapassa os limites de ruído recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo a Carta do Ruído de Almada.
Obrigatório por lei, o documento, que atribui ao tráfego rodoviário a principal fonte de ruído no concelho, será apresentado sexta-feira no seminário técnico "Avaliação e Gestão de Ruído Ambiente: a Experiência Europeia", que decorrerá no Fórum Romeu Correia, em Almada.
Elaborado pela Câmara de Almada, em parceria com o Instituto Superior Técnico, o estudo avaliou, a partir de informação cartográfica digitalizada, climatérica, medições no terreno e programas de simulação de dados, os ruídos rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e industrial.
De acordo com o Resumo Não Técnico da Carta de Ruído, a que a Agência Lusa teve acesso, os limites de barulho admissíveis são ultrapassados, tanto de dia como de noite, nas proximidades de estradas com maior intensidade de tráfego automóvel.
Nestes casos, os níveis de ruído chegam a apresentar, segundo o documento, mais de 15 decibéis, de dia, e mais de 25 decibéis, de noite, sobre os valores de barulho contínuo recomendados pela OMS.
Em 1993, a OMS estabeleceu como limite de incomodidade para o ruído contínuo cerca de 50 decibéis, de dia, e 40 a 45 decibéis, de noite.
O decibel é a unidade utilizada para indicar variações dos níveis de intensidade sonora.
De acordo com a Carta do Ruído, o barulho excessivo pode ser observado até a uma distância de 350 metros da travessia sobre o Tejo, que tem um "elevado fluxo de tráfego", assim como "duas faixas de rodagem de estrutura metálica aberta, que provoca um agravamento dos níveis emitidos de 6,5 decibéis relativamente a um piso normal em asfalto betuminoso".
Apesar de o trânsito na ponte, na auto-estrada do Sul e na Via Rápida da Costa de Caparica "gerar níveis de ruído significativos", o seu impacto na população residente "é pouco expressivo", uma vez que existe "um número muito reduzido de habitações" nas zonas de maior conflito acústico, ressalva o documento.
Contrariamente, os barulhos causados pela circulação automóvel no eixo central de Almada, desde a rotunda do Centro/sul até Cacilhas, e nas avenidas Bento Gonçalves, Torrado da Silva, 23 de Julho e Arsenal do Alfeite têm impactos negativos directos nas pessoas, dado que estas vias se encontram ladeadas por casas de habitação e comércio.
Mesmo durante a noite, período em que decresce o trânsito automóvel, os limites de ruído admissíveis são ultrapassados nas estradas mais movimentadas do concelho, embora os valores sejam inferiores aos registados de dia.