Borba. Operações de resgate continuam por tempo indeterminado

por RTP
As autoridades estão ainda a avaliar o risco de haver novos deslizamentos Nuno Veiga - Lusa

Eram 15h45 quando, esta segunda-feira, foi dado o alerta do desabamento de um troço da Estrada Nacional 255. Horas depois da derrocada, que ocorreu junto a uma pedreira com cerca de 90 metros de profundidade, continuavam no local 84 operacionais apoiados por 39 veículos que tentam retirar os corpos das duas vítimas mortais já confirmadas. Quatro pessoas permaneciam desaparecidas ao início da noite.

O aluimento de terras entre Borba e Vila Viçosa fez com que a estrada se abatesse sobre a pedreira que lhe é contígua e levou a que uma retroescavadora e dois automóveis fossem arrastados. A retroescavadora pertencia a uma empresa que opera numa das pedreiras da zona, enquanto os automóveis eram de particulares.

O Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora, José Ribeiro, disse não saber ainda quanto tempo irão durar as operações de resgate.

“São operações muito delicadas, em que cada decisão e cada ação terão de ser bem calculadas, ponderadas e validadas, sob pena de pormos em risco os próprios operacionais que estão no terreno”, afirmou.As duas vítimas mortais são operários da empresa que explora a pedreira.

Já Ricardo Ribeiro, presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (AsproCivil), declarou que as operações poderão demorar horas ou até dias devido à sua complexidade.

A parte da pedreira onde ocorreu o deslizamento de terras “não tem acesso direto, ou seja, o acesso é feito verticalmente, através de meios mecânicos”, explicou Ricardo Ribeiro. “Portanto, há a necessidade de fazer o socorro através daquilo a que chamamos o grande ângulo, ou seja, através de corda e com uma maca de evacuação vertical”.

Segundo Ângelo Sá, ex-presidente da Câmara de Borba, a pedreira onde caiu o troço de estrada já não estava em funcionamento há cerca de dois anos, razão pela qual acumulou água.
“Consciência tranquila”
A Infraestruturas de Portugal já veio esclarecer que a estrada onde ocorreu o aluimento de terras foi transferida em 2005 para "a jurisdição dos municípios" de Borba e de Vila Viçosa, pelo que "já não é uma estrada nacional".

Assim, são estes municípios que têm a responsabilidade direta pela manutenção e conservação desta via rodoviária.As autoridades estão ainda a avaliar o risco de haver novos deslizamentos.

No entanto, o presidente da Câmara de Borba, António Anselmo, afirmou estar de “consciência tranquila” em relação ao sucedido, focando-se antes na dificuldade das operações de resgate e nas "condições de máxima segurança" dos operacionais.

Luís Sotto Mayor, administrador da Marmetal - empresa daquela zona que se dedica à exploração de mármore - diz que a empresa já tinha pedido que a estrada que hoje caiu ficasse interdita à circulação rodoviária.

O secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, afirmou que as causas do deslizamento de terras vão ser investigadas, mas que "este é o momento do socorro".

Questionado pelos jornalistas sobre se não era previamente conhecida a alegada fragilidade do troço da estrada que aluiu para o interior desta pedreira de mármore localizada neste concelho alentejano, o secretário de Estado disse não dispor de qualquer informação nesse sentido.

c/Lusa
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