Brasil é esperança da Iberol para novas matérias-primas de biocombustíveis
A Iberol, maior fabricante portuguesa de biodiesel, vai "desafiar" a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) a desenvolver novas matérias-primas para o combustível "verde", o que não consegue em Portugal.
O desafio de desenvolver matérias-primas que, ao contrário da soja, não tenham uso alimentar e portanto estejam menos expostas a flutuações de preços, será feito por João Rodrigues, presidente da Iberol, durante o I Encontro Luso-Brasileiro de Negócios em Biocombustíveis no Paraná, marcado para a próxima semana e hoje apresentado em Lisboa.
Um exemplo concreto, adiantou, é o pinhão-manso, também conhecido em Cabo Verde por purgueira, uma planta bravia com grande potencial para produção de biocombustíveis, mas actualmente pouco explorada.
Para João Rodrigues, "o Brasil pode ser uma solução para as matérias-primas" dos combustíveis "verdes" produzidos em Portugal, que o governo quer que tenham como matéria-prima fundamental o milho, muito pouco produzido no país.
A Iberol é actualmente um grande importador de soja brasileira, mas considera o preço de importação elevado e, apesar de em Portugal as condições serem favoráveis a esta produção, é pouco provável que os agricultores venham a aderir, dado que ela não é subsidiada pela União Europeia, factor fundamental na altura de decidir o que plantar, afirmou.
O presidente da Iberol declarou-se confiante de que será "menos difícil convencer a EMBRAPA" do que os institutos congéneres de pesquisa portugueses, que ou põem de lado a viabilidade da produção ou a "guardam para si mesmos".
Exemplo desta situação, adiantou, são as micro-algas, "que se podem produzir nas antigas salinas", mas que "ainda apresentam problemas técnicos a resolver" na produção de óleo, que estudos indicam terem em maior quantidade do que qualquer oleaginosa.
A Iberol é patrocinadora e uma das cerca de 20 empresas participantes no Encontro Luso-Brasileiro de Negócios em Biocombustíveis, que decorre na cidade brasileira de Curitiba entre 20 e 24 de Junho.
Durante a sua intervenção na apresentação do evento, João Rodrigues deixou também críticas ao governo no processo de atribuição de licenças de produção de biocombustíveis, contestado em tribunal pela Iberol.
A empresa afirma-se prejudicada em relação a produtores que receberam licenças sem terem capacidade de produção instalada, como a Martifer ou Biovegetal.
"Não pomos em causa a lei ou a portaria, mas o modo e justificações dadas" para atribuição das licenças, afirmou o responsável da fabricante portuguesa.