Câmara de Amarante acusa gasolineira de fazer descargas para o Tâmega
O presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, acusou hoje o responsável pelo posto de abastecimento de combustíveis Petrotâmega de estar a fazer descargas ilegais de hidrocarbonetos para o rio Tâmega com "fins económicos e políticos".
Em declarações à Agência Lusa, Armindo Abreu afirmou que há mais de um mês são efectuadas descargas de produtos petrolíferos para um canal de água que desagua no Tâmega, poluindo toda a bacia do rio, onde as águas são paradas.
"O cheiro a petróleo é intenso e as desconfianças recaem sobre esta bomba de gasolina, cujo proprietário é apoiante do candidato à presidência da Câmara de Amarante Avelino Ferreira Torres", disse.
Para o autarca socialista, "não se trata de uma actuação negligente, mas de uma actuação com fins económicos e políticos".
Segundo referiu, estas descargas têm como objectivo dar a entender à população que a autarquia não trata do rio.
"Mas há também interesses económicos", disse, aludindo aos elevados custos que estão envolvidos no tratamento deste tipo de produto.
Armindo Abreu acrescentou que a GNR está a par desta situação e que ainda na quinta-feira à noite foi ao local tomar conta de mais uma ocorrência, recolhendo amostras da água.
"Esta é já a segunda vez que será apresentada uma queixa no Tribunal de Amarante", frisou.
Contactado pela Lusa, o comandante do posto da GNR de Amarante, Tenente Babo Nogueira, confirmou a informação, dizendo que "a GNR esteve a recolher uma amostra de águas no canal que desagua no Tâmega e a fazer uma reportagem fotográfica" da mancha poluidora.
"A situação vai ser agora relatada ao Tribunal", disse, acrescentando que se tratará de um aditamento a uma queixa apresentada anteriormente sobre o mesmo problema.
Quanto a causas e motivos destas descargas, disse que "não compete à GNR tirar qualquer tipo de ilação, estando o inquérito a cargo do tribunal".
Jorge Silva, proprietário da Petrotâmega e fundador do movimento cívico que lançou a candidatura de Avelino Ferreira Torres, desmentiu à Lusa que o seu posto de abastecimento de combustíveis esteja a fazer qualquer tipo de descarga poluente.
"É totalmente falso, isto é uma cabala política contra a minha pessoa e a minha empresa", afirmou.
Para Jorge Silva, que diz sentir-se "perseguido" pelo PS há já mais de uma dezena de anos, as descargas "são fruto de negligência dos serviços camarários, que fizeram mal as obras (de saneamento) no chamado +Arquinho Queimado+".
"Na ocasião da obra, em 1996/1997, alertei a Câmara para a necessidade dos técnicos fazerem um acompanhamento da empreitada", disse, "e agora chegamos ao ponto de termos tubos que não estão ligados ao saneamento como deviam, mas à ribeira".
José Silva salientou ainda que o seu posto de abastecimento de combustíveis dispõe de uma estação de tratamento de hidrocarbonetos, com capacidade para nove mil litros e que em Dezembro procedeu à sua limpeza, o que lhe custou cerca de 4.000 euros.
Foi ainda feito, em Abril, "um levantamento dos óleos minerais", concluiu o proprietário da Petrotâmega.