Câmara do Porto quer manter projecto Túnel Ceuta mas entrega arranjos ao Ministério

O presidente da Câmara do Porto propôs à ministra da Cultura a manutenção da polémica saída do Túnel de Ceuta junto do Museu Soares dos Reis, mas prometeu aceitar os arranjos de superfície que o Ministério exigir.

Agência LUSA /

O túnel foi "chumbado" pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) ainda no anterior Governo devido ao impacto que a saída do túnel iria provocar no Palácio dos Carrancas, onde está instalado o Museu Nacional de Soares dos Reis.

A proposta faz parte de uma carta enviada à ministra, Isabel Pires de Lima, que ainda não a terá recebido, e parcialmente divulgada hoje pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio (PSD), à comunicação social.

Na proposta, Rui Rio defende que a saída do túnel se mantenha no início da Rua D. Manuel II, reafirmando que dessa forma fica a mais de 70 metros do Museu Soares dos Reis e com os muros de protecção a 25 metros.

Em contrapartida, "a Câmara do Porto compromete-se a aceitar todos os arranjos urbanísticos que o Ministério quiser impor, no âmbito da defesa de toda a envolvente ao museu, designadamente no que concerne aos arranjos exteriores, aos materiais e respectivas cores e demais elementos que entendam adequados", refere a carta.

Se a resposta de Isabel Pires de Lima à proposta de hoje, que Rio acredita que chegue em poucos dias, for negativa, o autarca disse não saber o que poderá acontecer, mas afirmou que as obras só recomeçam desde que previamente autorizadas pela ministra.

Se, pelo contrário, a resposta for positiva, o autarca espera ter a obra totalmente concluída em Junho, ainda bastante antes das autárquicas de Outubro.

Em conferência de imprensa, Rui Rio disse hoje que decidiu tornar pública a carta depois da "posição de força" da ministra Isabel Pires de Lima na última semana.

A ministra referiu na ocasião, em comunicado, que a responsabilidade pelos eventuais prejuízos provocados pela suspensão das obras no local - desde 23 de Março, a pedido de Isabel Pires de Lima - são da responsabilidade da autarquia, dado ter sido esta que, de forma "ilegal", decidiu arrancar com os trabalhos antes de obter o necessário parecer positivo do IPPAR.

O autarca social-democrata adiantou que nas últimas três semanas fez "um enorme esforço para manter uma relação de sigilo e simpatia" com a ministra, envolvendo vários telefonemas e encontros pessoais e parando mesmo as obras, mas sublinhou ter decidido a partir de agora continuar o diálogo de forma pública.

Rui Rio garantiu que a saída do túnel ao início da Rua D.

Manuel II, do lado direito da faixa, não é a solução apresentada pela Câmara, que a preferia "no eixo da via", ou seja no meio da artéria.

"Esta é a solução optimizada, depois de contactos vários com o IPPAR, Museu Soares dos Reis e comerciantes da zona", garantiu Rio, que garantiu não haver melhor solução técnica possível para a saída do túnel.

Segundo o autarca, a proposta inicialmente desenhada - ainda sob a liderança do socialista Fernando Gomes - junto ao Instituto de Medicina Legal era aceitável, mas as alterações entretanto introduzidas por Nuno Cardoso, que pretendia a saída junto ao Hospital de Santo António, tornaram a solução agora impossível.

Prolongar para junto da Rua Casais Monteiro (a Maternidade Júlio Dinis, nas proximidades, já rejeitou a hipótese) ou para frente à Reitoria tornaria, segundo Rio, o trânsito insustentável, e colocar a saída na Rua Júlio Dinis "implicaria custos incomportáveis e pelo menos mais dois anos de obra".

O presidente da Câmara do Porto garantiu ainda que não existe na autarquia conhecimento de qualquer autorização do IPPAR para algum dos cenários colocados antes da sua tomada de posse, contrariando assim declarações da ministra da Cultura de que pelo menos uma das solução havia sido licenciada.

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