Câmara quer mostrar realidade do Vale Amoreira

A Câmara da Moita quer aproveitar a visita de Cavaco Silva ao Vale da Amoreira, na quarta-feira, para mostrar a realidade local deste bairro de imigração essencialmente africana e falar sobre os planos para o futuro.

Agência LUSA /
O "Roteiro para a Inclusão" do Presidente da República visa, na próxima semana, a Área Metropolitana de Lisboa Lusa

O presidente da autarquia, João Lobo, (CDU) disse hoje à agência Lusa que esta é "uma oportunidade para dar a conhecer a realidade local" e também para tomar conhecimento das perspectivas futuras.

Inserido num programa governamental de requalificação denominado "Bairros Críticos", anunciado no dia 02 pelo primeiro-ministro, o Vale da Amoreira foi um dos locais onde a autarquia desenvolveu nos últimos anos alguns projectos para a melhoria das condições de vida da população.

"Em 1996 começámos uma operação de revitalização urbana do bairro, que durou até 2001. Na altura construímos um mercado e uma zona comercial, um ATL/Centro de Dia e fizemos uma primeira intervenção no campo municipal de futebol", explicou o autarca.

João Lobo disse que a Câmara teve necessidade de enquadrar as "actividades que ficaram por acabar" num programa assinado para a freguesia da Baixa da Banheira, como o caso do campo de futebol.

O Vale da Amoreira é conhecido por ser um bairro problemático, marcado pela criminalidade, mas na opinião do presidente "já é mais a fama que outra coisa".

"É lógico que existem situações delicadas, mas não são tantas como se apregoa. O Vale da Amoreira é uma zona sensível, que tem problemas de segurança, mas que se podem resolver", garantiu João Lobo.

A imigração ilegal é outras das características do bairro, apesar de a Câmara não ter dados consistentes sobre a situação.

"Existe sempre um familiar que não está legalizado. Sabemos que a imigração ilegal existe, daí eu acreditar que apesar de estarem contabilizados cerca de 12 mil habitantes no Vale da Amoreira, existam na realidade perto dos 13 mil", afirmou.

O presidente acredita que o Vale da Amoreira, que é a mais jovem freguesia do concelho, "sabe receber as pessoas".

"É um bairro marcado pelos africanos que foram tomando lugar no Vale da Amoreira, onde existem zonas de habitação de qualidade, mas também alguns edifícios caracterizados como habitações sociais", explicou.

Em relação ao futuro, João Lobo espera que a intervenção do Governo nos bairros críticos seja um "trabalho coordenado", com a presença de todos os ministérios.

Ao anunciar o programa de requalificação dos Bairros Críticos, que inclui, além do Vale da Amoreira, a Cova da Moura, na Amadora, e o Lagarteiro, no Porto, o primeiro-ministro, José Sócrates, disse que no projecto irão trabalhar sete ministérios, câmaras municipais e organizações locais.

O presidente da Câmara Municipal da Moita pretende ainda desenvolver alguns projectos no Vale da Amoreira, como a instalação de um posto da polícia.

"Já temos o terreno onde construir a esquadra, necessária para que exista mais proximidade das forças policiais com a população, queremos também criar uma ligação fácil entre o Vale da Amoreira e o restante concelho e construir o centro comunitário", afirmou.

Outra das ideias da autarquia é que o pavilhão gimnodesportivo da Escola do Vale da Amoreira possa ser utilizado pelas colectividades locais.

"Já apresentámos um projecto, onde comparticipávamos com 30 por cento, para que o pavilhão possa ser utilizado no período fora de aulas pelas colectividades locais", explicou João Lobo.
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