Câmaras de Santo Tirso e Famalicão "preocupadas" com bactérias detectadas no Ave

Redação, 08 abr (Lusa) - As câmaras de Santo Tirso e de Vila Nova de Famalicão reagiram hoje "com preocupação" à revelação do cientista Paulo Martins Costa sobre a existência de quatro estirpes de bactérias resistentes na água do rio Ave.

Lusa /

Em declarações à agência Lusa o presidente da câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, afirmou que a posição desta autarquia do distrito do Porto é "de grande preocupação para a saúde pública".

Joaquim Couto, também enquanto presidente da Associação de Municípios do Vale do Ave (Amave) justificou a "preocupação" porque "o estudo aponta para a existência de bactérias resistentes, causada por fatores que ainda se desconhecem, mas que poderão estar relacionados com efluentes hospitalares e com poluição química do rio Ave".

"As estações de tratamento que compõe o Sistema de Despoluição do Ave são das poucas do país com capacidade para o tratamento químico e bacteriológico", referiu o autarca, acrescentando que fará seguir para a Águas do Norte, para a entidade gestora do sistema de despoluição do rio Ave e para o Ministério do Ambiente, um ofício sobre este tema.

Ainda de acordo com a câmara de Santo Tirso, "por informação da Águas do Norte, a empresa já está a desenvolver um processo com vista a contra-análises que confirmem ou desmintam o estudo realizado".

Também a câmara de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, apontou estar "naturalmente preocupada" com esta situação que diz ter tido conhecimento "através das notícias".

Fonte camarária apontou à Lusa que está a ser desenvolvido um conjunto de diligências junto das entidades competentes para obter mais informação, nomeadamente junto da Agência Portuguesa do Ambiente.

Na quinta-feira, em declarações à Lusa, via telefónica, o cientista Paulo Martins Costa, um dos membros da investigação desenvolvida em parceria entre o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e a Universidade de Friburgo na Suíça, afirmou que os genes responsáveis pelas resistências das bactérias descobertas são idênticos aos identificados em bactérias isoladas em hospitais, como, por exemplo, a `Klebsiella pneumoniae`, no Hospital de Gaia.

Quatro estirpes de bactérias foram isoladas na água do rio Ave, todas `Escherichia coli`, com grande capacidade de resistência aos antibióticos, incluindo aqueles que se usam exclusivamente nos hospitais para tratamento de infeções graves (carbapenemos), avisou o cientista.

A agência Lusa contactou outras autarquias pelas quais passa o curso de água do rio Ave, mas até ao momento não obteve mais reações.

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