Canábis continua a ser a droga mais consumida em Portugal

Um estudo do Instituto para os Consumos Aditivos e as Dependências (ICAD), referente a 2024, revela padrões de uso frequente e associada ao consumo de outras drogas, superior na população masculina. O uso da MDMA destaca-se em segundo lugar.

RTP /
Foto: Shannon Stapleton - Reuters

A canábis é a droga ilícita mais consumida em Portugal, com uma prevalência de consumo recente de 2% nas idades compreendidas entre os 15 e os 74 anos e de 5% entre os 15 e os 34 anos. Em média, os consumidores declararam ter iniciado o consumo pelos 16 anos. 

Os dados são de um estudo do Instituto para os Consumos Aditivos e as Dependências (ICAD), no âmbito do Inquérito Online Europeu Sobre Drogas 2024, divulgados esta quarta-feira.

Predomina o consumo de canábis em forma de erva/herbácea (90%) e de resina (comumente referida por haxixe) com 65%.

Participaram-se no inquérito cerca de 66 mil consumidores de drogas com 18 ou mais anos, de 35 países distintos. Em Portugal colaboraram 1098 consumidores.


Um retrato traçado a partir de uma amostra de 619 consumidores portugueses de canábis mostra que o consumo é mais frequente entre o sexo masculino, que representa 63% dos participantes face aos 36% do sexo feminino.

Quanto à situação habitacional, o consumo é comum na população que reside com os pais (23%) ou em conjugalidade sem filhos (21%). Já cerca de um décimo dos inquiridos reside sozinho e o mesmo acontece em pessoas que partilham casa com pares ou vivem em residências estudantis.

O perfil profissional dos consumidores revela níveis de escolaridade elevados. A generalidade dos inquiridos tem o ensino superior completo (62%), 36% completaram o ensino secundário e apenas 2% têm o ensino básico. 

No plano profissional, a maioria (65%) encontra-se empregada a tempo inteiro, por conta de outrem ou por conta própria. Cerca de 23% são estudantes ou trabalhadores-estudantes e apenas 8% trabalham a meio tempo, sendo residuais as restantes situações laborais.

Os rendimentos tendem a situar-se nos escalões mais baixos e intermédios, com uma parte considerável dos inquiridos a declarar ganhos mensais inferiores a mil euros (49%), enquanto 38% auferem entre 1000 e 1999 euros. Uma minoria de 13% afirma ter rendimentos iguais ou superiores a 2000 euros.

A maioria dos consumidores vive em contexto urbano: 65% residem em cidades, 10% nos subúrbios, 11% em vilas e 14% em aldeias.

Geograficamente, concentram-se sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo (33%), seguindo-se a região autónoma dos Açores que representa um quarto dos consumidores, depois o Norte com 20% e o Centro com 14%. O uso da droga tem menos expressão no Algarve, no Alentejo e na Madeira.

O consumo de álcool e tabaco é significativo entre os consumidores de canábis que responderam ao inquérito, sendo que praticamente todos eles consumiram estas substâncias nos 12 meses anteriores ao seu preenchimento.

Em segundo lugar, no consumo de drogas ilícitas, destaca-se a MDMA (34%), seguindo-se depois, por ordem, os cogumelos alucinogénios, a cocaína e a LSD. Sete em cada dez consumidores de canábis mencionaram ter consumido outros produtos além da canábis na última ocasião de consumo.

A redução de stress e a sensação de relaxamento é o principal motivo apontado para o consumo da droga.
São também referidos, em menor escala, a intenção de melhorar o sono, o controlo da depressão e ansiedade ou a socialização e divertimento.

Em terceiro lugar, assinalados por 10% a 25% dos consumidores, estão os motivos de reduzir dores e inflamações, aumentar o desempenho na escola, trabalho ou desporto, por exemplo, devido à dependência, para aumentar o prazer ou desempenho sexual e por razões espirituais.

Quase metade dos consumidores não sentiu efeitos negativos na saúde que tenham atribuído à canábis, mas há relatos de problemas de memória (22%), seguindo-se os ataques de ansiedade ou pânico (17%), problemas de concentração (15%), tonturas ou sensação de desmaio (13%).

Comparando com os resultados da edição de 2021, esta amostra revela uma diminuição no policonsumo com canábis em Portugal, com valores idênticos aos da totalidade da amostra de consumidores de canábis no inquérito.

c/Lusa
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