`Capital Nacional da Cultura 2005" - balanço positivo, "apesar de tudo"

A "Faro, Capital Nacional da Cultura 2005" arrancou com quatro meses de atraso e um orçamento que iria sofrer vários "ajustamentos", mas a uma semana do fim do evento, os seus programadores consideram o balanço "positivo".

Agência LUSA /

"Mesmo com um processo rocambolesco, ficam quatro obras [cinematográficas] sobre o Algarve e ninguém tira os filmes à região e a Portugal", contributos que vão ficar disponíveis no Instituto do Cinema, congratulou-se a programadora da área do cinema, Anabela Moutinho, antiga responsável pelo Cineclube de Faro.

A responsável sublinha, no entanto, que se o orçamento não tivesse sofrido cortes, a programação teria muitas outras actividades, incluindo um total de 15 filmes sobre o Algarve e um "workshop" sobre cinema de animação dado por Abi Feijó a professores, que continuariam depois a iniciativa com os alunos.

O programador da área do Teatro, Miguel Abreu, considerou que os espectáculos foram "um sucesso", mas lamentou o atraso na pré- produção da `Faro 2005`, que serviria para "sensibilizar e criar laços de cumplicidade com os públicos", e responsabiliza os políticos e "os jogos de dinheiro" por "usurparem votos" com a cultura.

Miguel Abreu congratulou-se com a "franca adesão" do público e mostrou-se surpreendido pelo "poder de compra" e "hábitos de saída" do público no Algarve.

"Há um público bem formado e que sabe o que quer", disse à Lusa Miguel Abreu, referindo que tanto o público urbano, como o do interior, "participou activamente nos espectáculos", como aconteceu com "O Bando" na aldeia de Querença.

O responsável pela programação da Música, Luís Madureira, também declarou à Lusa que o balanço na sua área foi "francamente positivo" tanto no que diz respeito à adesão do público aos concertos, como noutras actividades.

Apesar dos reajustes orçamentais e das mudanças de Governos - salientou Luís Madureira - a programação musical anunciada, com cerca de 40 concertos, foi quase toda concretizada, com excepção de uma ópera, que fecharia a temporada.

Depois da `Faro 2005` fica "um hábito de escuta", disse o músico Luís Madureira, realçando que o grande objectivo foi "mostrar intérpretes nacionais" e "aumentar a bagagem cultural" do público.

O responsável pelas Artes Plásticas, Jorge Queiroz, está igualmente satisfeito, salientando que o evento assegurou em tempo recorde 40 exposições, trinta das quais estreias.

"Apesar das mudanças de comissários, de duas eleições (legislativas e autárquicas) e de um tempo curto de três meses para programar", Jorge Queiroz lembrou que as várias instituições culturais algarvias "duplicaram" o seu publico em relação ao ano passado, "o que já é positivo".

"Tivemos exposições desde a Fortaleza de Sagres até Vila Real de Santo António e estiveram 11 concelhos envolvidos", realçou Jorge Queiroz.

Na sua opinião, "apesar de tudo", a Faro Capital Nacional da Cultura 2005" conseguiu realizar um "programa digno" e "uma efectiva descentralização da cultura".

Na área da dança e do novo circo, Luísa Taveira contou à agência Lusa que os espectáculos concebidos - Companhia Olga Roriz em residência na ilha do Farol, o "Grito do peixe" com residência em Olhão, "Les arts Sauts" e outros - "correram muitíssimo bem" tanto em termos de qualidade como em termos de adesão de público.

Sobre o balanço geral da `Faro 2005`, a programadora da área da dança, frisa, no entanto a urgência em "fazer uma reflexão sobre as capitais nacionais da cultura, porque "podem correr muito melhor" e "ficar mais barato se foram congregados esforços políticos, económicos, artísticos e técnicos".

CCM.

Lusa/Fim


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