"Casuals". Oito adeptos do Benfica ficam em prisão preventiva

por Carlos Santos Neves - RTP
“Em Portugal, prende-se para se investigar, não se investiga para prender”, reagiu um dos representantes legais dos arguidos Pedro A. Pina - RTP

Ficam em prisão preventiva oito dos 13 adeptos do Benfica detidos numa operação desencadeada pela PSP em Lisboa. A medida de coação mais grave foi decidida este sábado pela juíza de instrução criminal, dando seguimento ao pedido do Ministério Público. Entre as várias acusações, está a alegada violação de um jovem de 16 anos.

Os demais cinco elementos com ligações às claques do clube da Luz ficam obrigados a apresentações diárias às autoridades e proibidos de contactarem entre si e de se aproximarem de estádios de futebol.

Este grupo faz parte dos 30 detidos - com idades entre os 18 e os 47 anos - na recente operação da Polícia de Segurança Pública que visou adeptos casuals do Sporting e do Benfica.

Desta operação resultaram dois processos separados: um relativo a 16 adeptos do Sporting, que vão aguardar julgamento em liberdade, e outro a 13 adeptos associados ao grupo No Name Boys, do Benfica, cujas medidas de coação foram agora conhecidas.
A decisão da juíza de instrução criminal vai ser objeto de recursos por parte dos advogados de defesa.

“Os indícios que ali estão, na minha opinião, não são suficientes para uma medida tão violenta como esta, de privação da liberdade”, reagiu um dos advogados, Bruno Carrêlo Mota, ouvido pelos jornalistas à saída do Campus de Justiça.

“A senhora juíza de instrução criminal aprecia os factos e os indícios da forma coerente e isenta que lhe é característica. Eu aprecio da maneira que apreciei. Continuo a achar - e vou plasmar isso no meu recurso – que os indícios são manifestamente insuficientes”, reforçou.

“Em Portugal, prende-se para se investigar, não se investiga para prender”, criticou, por sua vez, a advogada Ana Antunes, para assinalar que os acontecimentos sob investigação ocorreram em abril de 2022: “Estes nove meses são o tempo de nascer uma criança e desculpem que eu use este termo. Havia muito tempo para se ver cada arguido, que trajeto levou a partir da saída do jogo”.
“Perigo de continuação da atividade criminosa”

Segundo informação do presidente da comarca de Lisboa, citada pela agência Lusa, ficou determinado que os oito arguidos aguardassem a evolução do do processo em prisão preventiva por “existir perigo de continuação da atividade criminosa e de perturbação do decurso do inquérito”.

Os 13 arguidos estão indiciados de crimes de roubo, ofensa à integridade física qualificada, violação agravada, gravações ilícitas, coação agravada, tráfico de droga, desobediência e detenção de arma proibida.Entre o material apreendido pelas autoridades estão três armas de fogo e mais de 750 munições de diferentes calibres, pirotecnia, petardos, potes de fumo, tochas, armas brancas, “13 artefactos de sinalização marítima”, 5.840 doses de haxixe e 1.016 doses de heroína.

Na passada quinta-feira, no outro processo, 16 adeptos do Sporting foram libertados, tendo ficado proibidos de contactarem entre si e com os ofendidos e "de se aproximarem e frequentarem todos os estádios a nível nacional nos dias em que existam jogos e as suas imediações, numa distância de pelo menos 500 metros”.

Para além dos 29 mandados de detenção fora de flagrante delito, a PSP indicou que “foi ainda detido em flagrante delito outro indivíduo na posse de uma arma proibida, tratando-se de uma arma de fogo”. Acabou por ser libertado e os factos foram reportados ao Tribunal de Sintra.

c/ Lusa

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