Católicos ultra-conservadores acusam Santuário de Fátima de cometer sacrilégios
O líder da Fraternidade Pio X, fundada por monsenhor Lefébvre, acusou o Santuário de Fátima de praticar "sacrilégios" e "idolatria" na instituição, ao promover encontros inter-religiosos com movimentos que não professam a mesma fé católica.
No sermão de hoje, pouco antes do início da eucaristia dominical do movimento, o bispo Bernard Fellay lançou duras críticas ao Santuário de Fátima, acusando-o de promover "sacrilégios" ao permitir "cerimónias na capelinha" com hindus e crentes de religiões não-católicas.
Nos dias de hoje, "a cólera de Deus dirige-se contra o que foi feito em Fátima nos últimos anos", desde que o Santuário começou a promover encontros ecuménicos e inter-religiosos.
Assistiu-se à "erradicação da mensagem de Fátima" por parte da hierarquia católica que dirige o Santuário, seguindo uma "lógica e uma coerência iniciada pela nova teologia de depois do Concílio" Vaticano II, acusou Bernard Fellay.
"A mensagem de Fátima, que procura a reparação dos pecados, foi esquecida" e a "culpa destes desvios da fé é de uma nova doutrina" que "ignora Deus", colocando-O "tão alto que nos é inacessível".
Depois, ao promover contactos com outras confissões religiosas, a Igreja actual comete "atentados contra a honra da Virgem Maria", seguindo ainda padrões de celebrações "demasiado adaptados às necessidades dos homens", sublinhou o bispo.
Este movimento - cujo primeiro líder, Marcel Lefèbvre, foi excomungado por João Paulo II - critica a Nova Missa, instituída pelo Concílio, e defende o regresso aos ritos em latim, como existia antes da década de 1960.
Ao final da manhã, os quatro bispos do movimento consagraram a Rússia ao Sagrado Coração de Maria, seguindo um pedido da irmã Lúcia e as indicações de Marcel Lefèbvre.
Nas duas peregrinações anteriores (1987 e 1997), a fraternidade visitou o Santuário para recordar os aniversários das Aparições mas, desta vez, o movimento decidiu vir a Portugal para "acalmar a cólera de Deus" contra a instituição.
"Agora fala-se apenas num Deus bom que não é justo" e que "não se preocupa com os pecados dos homens", considerou Bernard Fellay, acusando os teólogos de Roma de terem gerado uma nova fé.
"Esta nova teologia elegeu um novo Deus, alto o suficiente para que não possa ser tocado, e assim pretendem dizer que os pecados não Lhe fazem nada", disse.
No entanto, os vários conflitos mundiais são uma "prova evidente" da "cólera de Deus" sobre os homens, considerou o bispo suíço perante os milhares de peregrinos, reunidos numa missa campal que marca o ponto alto da peregrinação da Fraternidade São Pio X a Fátima.
Para segunda-feira, está prevista uma conferência e orações no Santuário, concluindo a peregrinação do movimento, que não está autorizado a celebrar em igrejas católicas, obedientes a Roma.
Nas cerimónias de hoje, onde participaram dezenas de padres e seminaristas do movimento ultra-conservador, estiveram presentes bandeiras de países como a Espanha, Suiça, França, Alemanha, Lituânia, Estónia, Ucrânia, Portugal e Polónia.