Cavaco candidata-se por "imperativo de consciência"

O ex-primeiro-ministro Cavaco Silva anunciou quinta-feira a sua candidatura às eleições presidenciais de 2006, que justificou com um "imperativo de consciência" e para "melhorar o clima de confiança" no país.

Agência LUSA /
Cavaco Silva diz pretender "melhorar o clima de confiança" no país Lusa

"Depois de uma cuidada ponderação, decidi candidatar-me à Presidência d a República. Confesso que não foi uma decisão fácil. Faço-o por um imperativo de consciência", afirmou Cavaco Silva na cerimónia de apresentação da sua candidat ura, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

"Estou convencido que, se for eleito, posso contribuir para melhorar o clima de confiança e (...) vencer a situação muito difícil em que o país se enco ntra", referiu.

"Não nos podemos resignar", sublinhou cavaco Silva, insistindo que Port ugal precisa de reencontrar o caminho para o "desenvolvimento equitativo", ultra passando os "sentimentos de descrença e pessimismo".

Admitindo que pode ser "um factor de confiança e credibilidade", o ex-p rimeiro-ministro garantiu que, como "homem de palavra", caso seja eleito Preside nte da República cumprirá o mandato no "estrito respeito das competências" de um chefe de Estado, "sem perigos de ruptura ou instabilidade".

No seu curto discurso, com menos de dez minutos, Cavaco Silva avançou c om quatro razões para ter decidido voltar a candidatar-se a Belém, dez anos depo is de ter sido derrotado pelo actual chefe de Estado, Jorge Sampaio.

O conhecimento que disse ter da realidade, e a reflexão que tem vindo a fazer sobre as dificuldades que o país atravessa, e o conhecimento do quadro in ternacional foram duas das justificações adiantadas por Cavaco Silva.

Além disso, referiu, "a experiência e o conhecimento da vida política n acional e internacional" adquiridas ao longo dos dez anos em que chefiou o Gover no fazem com que conheça "bem as dificuldades que se colocam a um Governo em tem pos de mudança".

A "vontade" e a responsabilidade para "fazer tudo" que esteja ao seu al cance para proporcionar aos jovens "uma janela de oportunidade" foi outras das j ustificações dadas por Cavaco Silva para se candidatar às eleições presidenciais de Janeiro de 2006.

"O que me importa não é o passado", afirmou ainda o ex-primeiro-ministr o, admitindo o peso que tiveram na sua decisão de se candidatar a Belém os apelo s que recebeu, vindos de pessoas de várias profissões, idades e quadrantes polít icos.

"Não são as honrarias do cargo que me atraem", garantiu ainda, recusand o a ideia de se candidatar para satisfazer "ambições pessoais" ou contra alguém.

"Não me candidato contra ninguém, mas para construir um futuro melhor. Para que Portugal possa vencer", frisou.

"Face às mudanças que o país atravessa era meu dever", acrescentou, dis ponibilizando-se para "ajudar a construir de novo o caminho".

No anúncio oficial da sua candidatura a Belém, Cavaco Silva fez ainda q uestão de se referir aos poderes presidenciais, cujos limites disse conhecer bem e compreender.

"Portugal precisa de estabilidade política para resolver os problemas", referiu Cavaco Silva.

Já no final do seu discurso, o ex-primeiro-ministro social-democrata al udiu ao carácter "estritamente pessoal" da sua candidatura, que é "independente de toda e qualquer estrutura partidária".

"Não fiz, nem vou fazer qualquer negociação com partidos", insistiu, an unciando que, apesar de ser um social-democrata, pediu a suspensão da filiação n o PSD, partido de que foi presidente durante mais de dez anos.

Sobre aquelas que serão as "linhas de orientação" da sua magistratura, caso venha a ser eleito Presidente da República, Cavaco Silva remeteu o seu anún cio para um momento posterior.

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