Cavaco defende que se "deixe morrer" funcionários públicos -Louçã

por Agência LUSA

O candidato presidencial Francisco Louçã afirmou hoje que Cavaco Silva defende que o país precisa de se "livrar dos funcionários públicos" e "deixá-los morrer", lembrando afirmações feitas pelo seu adversário em 2002.

Num comício no Seixal, perante cerca de cem pessoas, Francisco Louçã defendeu que é urgente discutir agora a forma de assegurar a sustentabilidade do sistema de Segurança Social e criticou "a estratégia de silêncio" de Cavaco Silva sobre esta e outras matérias.

"Dou a voz a Cavaco Silva, porque ele agora não quer falar", declarou o candidato às presidenciais apoiado pelo Bloco de Esquerda (BE), explicando que iria citar afirmações do ex-primeiro-ministro feitas em 2002, numa conferência na Faculdade de Economia do Porto, sobre o número de funcionários públicos.

"Diz ele: Como nos vamos livrar deles? Reformá-los não resolve, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e diminui a receita do IRS. Só resta esperar que acabem por morrer.

Cavaco Silva, 2 de Março de 2002", acrescentou Francisco Louçã, motivando assobios e apupos por parte da plateia.

"Não vou acusar Cavaco Silva de não ter uma ideia sobre como deve funcionar a Administração Pública. Ele tem a ideia de que é preciso livrarmo-nos dos funcionários públicos e deixá-los morrer", sublinhou o dirigente do BE, argumentando que todos os candidatos a Belém "têm uma ideia sobre esta matéria", mas "há os que querem e os que não a querem dizer".

Francisco Louçã considerou que para Cavaco Silva "as pessoas de quem ele se quer livrar ou esperar que morram são números, ou pior, cifrões", e que essa visão representa "uma destruição da democracia onde ela tem de assentar", a responsabilidade da Administração Pública pela prestação de serviços à população.

"Não podemos aceitar esta política implacável, fria, gelada, que é livrarmo-nos deles. Pelo contrário, nós precisamos deles, precisamos dos serviços públicos" que "garantam a todos algumas condições essenciais iguais na sua vida", contrapôs o coordenador da Comissão Permanente do BE.

O candidato a Presidente da República rejeitou a ideia de "um Estado deficiente, ausente, privatizado" e advertiu as "700 mil famílias" dos funcionários públicos para a "ameaça da direita" nas presidenciais de 2006, que apontou como especialmente importantes por antecederem um período de vários anos sem eleições.

"Nos próximos anos não haverá mais nenhuma eleição. O sistema político vai ficar determinado, fechado e aferrolhado com estas eleições", frisou, apresentando-se como um candidato "pelo socialismo" e "por uma esquerda de confiança".

No seu discurso, Francisco Louçã não se referiu à ausência de outro seu adversário nas presidenciais, Manuel Alegre, sexta-feira, na votação do Orçamento do Estado (OE) para 2006, mas fez questão de recordar que se trata da "lei mais importante que aparece a cada ano".

"A lei é tão importante que ao Presidente da República não cabe a possibilidade de a vetar - e é a única em relação à qual isso acontece. É ela que vai determinar a política económica, as escolhas sociais", acentuou.

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