Cavaco Silva visita fábrica de mobiliário com elevados índices tecnológicos e de formação profissional
Os administradores da Cácio Móveis, em Paredes, empresa que sexta-feira recebe a visita do Presidente da República, admitem aproveitar a oportunidade para denunciar a "falta de apoios públicos" ao sector português de mobiliário.
"Se tiver oportunidade, vou chamar a atenção [de Cavaco Silva] e acredito que ele irá transmitir os nossos problemas a quem de direito, afirmou Elias Barros em declarações à agência Lusa.
Em causa está, segundo o administrador, a "falta de apoios directos" ao sector, que até é "um dos que mais tem evoluído nas exportações", mas está "muito esquecido pelo Estado português".
"É pena que o Estado não garanta um apoio mais rápido e directo à indústria do mobiliário", lamentou o empresário, recordando que a empresa que dirige com o seu irmão, Alfredo Barros, "foi construída 100 por cento com fundos próprios".
Adicionalmente, Elias Barros diz faltarem apoios a nível da internacionalização do sector.
"É tudo muito lento", disse, avançando como exemplo o facto de a comparticipação pública pela participação de empresas portuguesas em feiras no estrangeiro ser paga apenas "um ano e meio a dois anos mais tarde".
Fundada em 1962 por Acácio Alberto Ferreira de Barros, pai dos actuais sócios, a empresa assumiu em 1979 a designação Acácio Barros e Filhos, Lda, tendo em 2001 alterado novamente o nome para Cácio - Indústria de Mobiliário SA.
Instalada desde Janeiro de 2006 na Zona Industrial de Vandoma, em Paredes, o que implicou um investimento de 7,5 milhões de euros (excluindo máquinas e automatizações), a empresa deu em 1990 o primeiro passo na exportação.
Uma aposta que foi, segundo Elias Barros, "totalmente ganha", de tal forma que, actualmente, a Cácio canaliza a totalidade da sua produção para o exterior, nomedamente para Espanha, França, Bélgica, Inglaterra, Luxemburgo e EUA.
Segundo adiantou à Lusa o administrador, este último mercado será agora a grande aposta da empresa, dado o elevado potencial ali detectado, esperando-se que as vendas para o outro lado do Atlântico "tripliquem ou quadrupliquem", a curto prazo, face aos actuais 1,5 milhões de euros.
Em 2006, o volume de negócios da empresa ascendeu a 7,1 milhões de euros (mais 33 por cento que em 2005), a que correspondeu um resultado líquido de 289 mil euros, prevendo-se que atinja este ano os 8,5 a 8,7 milhões de euros, acompanhado de um crescimento do lucro superior a 20 por cento.
Especializada na produção de mobiliário de madeira maciça, de estilo rústico e moderno, a Cácio atribui à "inovação, diferenciação e muito trabalho" o segredo do seu sucesso.
"Estrategicamente, temo-nos também direccionado para produtos diferentes, posicionando-nos tanto numa gama mais alta, como numa linha mais económica, de forma a abarcar vários mercados e tipos de clientes", disse.
Com uma carteira de encomendas garantida para os próximos três meses e meio, a empresa de Paredes destaca ainda o empenho dos seus 90 trabalhadores e o investimento na formação e captação de recursos humanos jovens e qualificados.
"Damos prioridade a jovens que procuram o primeiro emprego [existem actualmente 12 nessa situação na empresa] e temos sempre quatro ou cinco pessoas a frequentar cursos de línguas", salientou Elias Barros.
Para 2008, a Cácio tem previsto um investimento de um milhão de euros em novas máquinas e os sócios gerentes admitem investir "noutro ramos ligados ou não à madeira", como a construção civil.
Em cima da mesa está ainda a eventual expansão das actuais instalações da empresa na Zona Industrial de Vandoma em cerca de quatro a cinco mil metros quadrados, com correspondente contratação de novos trabalhadores, devendo a decisão final ser tomada nos primeiros meses de 2008.