Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo recorre a empresa privada para garantir cuidados médicos
O Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo (Beja) vai recorrer a uma empresa privada para contratar médicos externos para assegurar os cuidados clínicos à população, a partir de segunda-feira e até final do mês.
O director de serviços da Sub-região de Saúde de Beja, Horácio Feiteiro, adiantou hoje à agência Lusa que a empresa privada vai "garantir a presença de um médico externo por dia para assegurar o funcionamento normal do Serviço de Atendimento Complementar (SAC)", responsável pelas urgências.
A solução adoptada para "colmatar a falta de médicos, agudizada em período de férias", explicou, vai permitir "evitar o fecho parcial do SAC durante este mês", que chegou a ser admitido pela Sub-região de Saúde de Beja.
Desta forma, afirmou, os quatro clínicos do quadro do Centro de Saúde, que normalmente asseguram o SAC, "vão ficar disponíveis para dar consultas nos postos médicos das aldeias", que desde 16 de Julho estão sem cuidados médicos e apenas prestam cuidados de enfermagem.
Em declarações à Lusa no final de Maio, na sequência de um protesto da Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo, o coordenador da Sub-Região de Saúde de Beja, João de Pina Manique, admitiu o fecho parcial do SAC durante o Verão.
Observando que "há falta de médicos em todo o lado e não é fácil substituir clínicos no interior do Alentejo", João de Pina Manique explicou que, devido ao "normal gozo de férias dos médicos", o SAC, que normalmente funciona entre as 08:00 e as 20:00, poderia ter que funcionar apenas entre as 14:00 e as 20:00.
Pela mesma razão, disse na altura, os postos médicos das aldeias, entre 16 de Julho e 29 de Setembro, não iriam prestar cuidados médicos às populações, apenas cuidados de enfermagem.
Paulo Conde, da Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo, mostrou-se hoje satisfeito com o "regresso" dos cuidados médicos às aldeias e com a possibilidade de ser evitado do fecho parcial do SAC, apesar de contestar a solução adoptada.
"Trata-se de uma solução provisória, que não vai resolver o problema da falta de médicos no Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo, durante todo o ano", disse.
No entanto, Paulo Conde disse estar "convicto" de que a solução "é fruto das várias acções de luta dos utentes do Centro de Saúde e da população, para reivindicar mais e melhores serviços de saúde no concelho".
Entre as várias acções, a Comissão de Utentes realizou uma vigília de protesto que juntou, a 30 de Maio, cerca de 80 manifestantes frente ao Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo contra o eventual fecho das urgências e dos postos médicos das aldeias.
Além da falta de médicos, a Comissão de Utentes contesta também a integração, desde Junho, da Unidade de Apoio Integrado (UAI) do Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Com esta integração, explicou Paulo Conde, "a UAI, anteriormente tutelada pelo Ministério da Saúde e comparticipada pela Segurança Social, é agora gerida, em exclusivo, pela Santa Casa da Misericórdia de Ferreira do Alentejo".
"Trata-se de uma privatização, que vai provocar o agravamento dos custos para os utentes", lamentou.
Para João de Pina Manique, esta crítica "não faz sentido", porque, explicou, "apesar da gestão da UAI passar para a Santa Casa da Misericórdia, a Segurança Social vai continuar a comparticipar a estadia dos utentes, consoante os seus rendimentos".
Criada no âmbito dos cuidados de saúde continuados, a UAI dispõe de 25 camas destinadas à reabilitação de pessoas dependentes (com perda transitória de autonomia potencialmente recuperável e que não precisem de cuidados clínicos em internamento hospitalar).