"Chinatown" da Varziela quer esquadra móvel da GNR

O líder da comunidade chinesa em Portugal disse hoje ter obtido garantias de que a segurança dos 600 chineses que vivem e trabalham na Varziela, Vila do Conde, vai ser assegurada através de uma esquadra policial móvel.

Agência LUSA /

Y Ping Show afirmou à Lusa que a instalação de uma esquadra móvel da GN R na "chinatown" de Varziela foi equacionada na sequência de uma reunião entre o embaixador daquele país, Gao Kexiang, e a governadora civil do Porto, Isabel On eto.

Depois de assaltos e tiroteios registados na Varziela, que motivaram o primeiro protesto público da discreta comunidade chinesa em Portugal, Y Ping Sho w anunciou também o recurso a seguranças privados.

"A própria comunidade equaciona constituir uma empresa de segurança esp ecificamente para salvaguarda dos bens e pessoas no interior dos 170 armazéns gr ossistas e retalhistas onde trabalham [e vivem, na maior parte dos casos] os chi neses", disse.

Contactada pela Lusa, a governadora civil do Porto confirmou a reunião com o diplomata chinês em Portugal e as intenções de reforço do policiamento na Varziela.

"Estive reunida com o senhor embaixador e posso assegurar que estão a s er tomadas providencias para reforço e policiamento do local", declarou Isabel O neto, sem avançar mais detalhes.

Duas dezenas de chineses manifestaram-se dia 10, frente ao tribunal de Vila do Conde, contra a detenção de dois membros da comunidade, suspeitos de ter em atingido a tiro, na Varziela, um assaltante português.

O Tribunal de Vila do Conde decidiu que Ye Jiannan, 36 anos, alegado au tor do disparo, se apresente periodicamente numa esquadra policial até à data de julgamento.

Um compatriota e alegado cúmplice, Wang Tian Shou, 44, aguarda julgamen to em liberdade, já que os disparos que lhe são imputados foram feitos para o ar .

Os chineses da Varziela queixam-se de sucessivos assaltos e de ineficác ia da GNR, que tem o seu posto policial mais próximo a seis quilómetros de distâ ncia.

Segundo o líder da comunidade chinesa em Portugal, a iluminação "defici ente" da Varziela é outro factor que contribui para os assaltos na Varziela.

"Por isso, reunimos também com o vereador Artur Costa, da Câmara de Vil a de Conde, tendo obtido a garantia da melhoria da luz pública na zona", disse Y Ping Show.

"Em contrapartida, oferecemos colaboração na limpeza e embelezamento da s ruas da zona industrial", acrescentou o dirigente.

A insegurança na Varziela teve já repercussões na China e nomeadamente no antigo território português de Macau, onde o jornal "Ponto Final" sublinha "p reocupações" com a necessidade de entrosar melhor os chineses na sociedade portu guesa.

O jornal alude a "iniciativas conjuntas, que possam dar uma imagem dife rente da mais fechada, desconhecida e também invejada comunidade estrangeira res idente em Portugal", calculada em 20 mil pessoas.

A insegurança dos chineses de Varziela surge numa altura em que subsist em boatos sobre lojas de chineses que alegadamente disfarçariam o rapto de pesso as para retirada de órgãos transplantáveis.

"Aqui mesmo, em Vila do Conde", subiste o boato, disse fonte da Associa ção Comercial e Industrial daquela cidade.

Em Espinho, a PSP sentiu-se mesmo na obrigação de divulgar um comunicad o a desfazer o boato que correlacionava a suposta actividade com uma loja chines a local.

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